Como se não bastassem as humilhantes derrotas da nossa seleção na mais
recente Copa do Mundo da Fifa, assistimos ao ultraje de sermos derrotados por
uma seleção paraguaia que, sempre foi inferior e presentemente não passa por
bons momentos.
Para me ater ao jogo em si, o empate conseguido pelos paraguaios foi
fruto menos do que fazia àquela altura a nossa seleção e do que positivamente
produziam os adversários, porém mais creditado a uma infantilidade, melhor dizendo, de um
ato sobrenatural, do zagueiro Tiago Silva ao “meter” escandalosamente a mão na
bola, como numa jogada de voleibol, dentro da área numa disputa pelo alto e
digo ato sobrenatural baseado em suas próprias explicações pós-jogo: “não me lembro de ter usado a mão...”. É
talvez tenha havido a interferência do além, quem sabe? Um adendo oportuno:
este rapaz ao que parece sofre de algum sério abalo emocional; veja-se seu
comportamento durante a já referida copa do mundo. Pois é, a infantilidade do
zagueiro, somada às inqualificáveis cobranças de penalidades decretaram a
eliminação do nosso selecionado na competição. Acho, até, que
uma eliminação providencial, poupando-nos de um subsequente vexame maior. (O
texto até aqui havia sido concluído antes que a seleção da Argentina goleasse
impiedosamente o verdugo do nosso selecionado e bem antes de a seleção chilena
sagrar-se pela primeira vez campeã da Copa América, após jogo, de 120 minutos e
disputa por pênaltis, em que deteve sempre o domínio).
Eu, com meu parco conhecimento de futebol, acredito que não poderia
haver um time melhor selecionado do que o eliminado. Com exceção de um ou outro
justificado assim por conta das condições clínicas/físicas de possíveis
excluídos, são as peças disponíveis para formar um time, no que respeita ao
nosso selecionado, mesmo porque não dispomos de tantas opções como outrora. Que
saudade!
Agora, combinemos, ver o que jogam certos jogadores em seus times, principalmente
no exterior, e o que produzem/produziram recentemente é de se lastimar. Dizem
que a culpa é do técnico que quer jogo diferente e até prejudicial ao estilo de
cada um. Qual nada! Jogador que se presa e tem competência assume o que fazer
dentro do campo. Recentemente, veio a público uma história pela qual o “Canhotinha
de Ouro” teria decidido, enquanto um seu colega era atendido pelo médico, que o
volante (oh! Quanta diferença entre o significado da função daqueles bons
tempos e o seu significado atual), “Corró”, como era carinhosamente chamado por
seus companheiros, Clodoaldo avançasse surpreendentemente em direção ao ataque,
com o recuo dele, Gerson, que vinha sendo implacavelmente marcado, o que
resultou em gol de empate pelo próprio Clodoaldo, àquela altura. E não é à toa
que dois jogadores argentinos foram flagrados, agora, zombando do que
supostamente lhes teria dito seu chefe, o técnico, ninguém menos que Tata
Martino. Há histórias e mais histórias de um só jogador ou um grupo de
jogadores que em campo resolvem modificações para ganhar jogo. Mas abandonemos o
choro de perdedor e concedam-me o atrevimento de imiscuir-me no universo
notoriamente chamado “fora de campo”.
A falta de organização estrutural do nosso futebol tem muito a ver com
a vergonhosa conivência dos que podem determinar atitudes com objetivos na
formação da matéria prima, que são os jogadores e do seu amadurecimento dentro
do próprio país, ou seja, nos seus clubes, evitando-se, com inteligentes
medidas, o “rapto” de imberbes jogadores, pelo poder econômico. Querem melhor
exemplo de quando aqueles podem, até, ser agentes do próprio sistema? Um ex-goleiro e
“ex” empresário de jogador até sua convocação, na direção técnica do
selecionado. É como se milagrosamente transmudasse uma raposa em qualquer outro
ser para ser guardiã de um galinheiro, de uma hora pra outra.
Tem muito a ver com a falta de uniformização de uma filosofia de jogo em
todas as categorias de base nos clubes e nos respectivos selecionados nacionais.
“...A deficiência na formação de
jogadores está na infância, na adolescência, nas categorias de base.. Os
treinadores das categorias de base são, geralmente, ex-atletas, que conhecem os
detalhes do jogo, mas não conhecem a ciência de ensinar, ou treinadores
acadêmicos, que sabem a ciência de ensinar, mas não sabem os detalhes de jogo.
E preciso ter treinadores com os dois olhares”, (ensina Tostão).
E, acima de tudo, um reestudo do formato da competição nas diversas
séries do campeonato nacional, (pontos corridos favorecem somente o grande
capital, preciso explicar?), e - atenção! – uma forma mais justa de
distribuição dos recursos financeiros advindos da participação de muitos em
contrapartida para muito poucos que abocanham a grande fatia do bolo:
“ah! Mas o Flamengo tem a maior
torcida (e vale para “Curíntias”
e outros, “ô meu”), leva mais gente ao
estádio, atrai mais audiência” diriam.
Como também, um reestudo no que tange (ai “Jisus”! - Lá vou eu bulir com um barril de pólvora) à
exclusividade das transmissões televisivas dos jogos das séries do campeonato
nacional e a um inteligente cardápio de horários de jogos. Existe inevitável competição
entre os horários dos jogos e as transmissões ao vivo. Fatal concorrência na compra
antecipada de ingressos para uma temporada, com a compra antecipada da
transmissão televisiva. A compra antecipada de ingresso seria além da receita direta assegurada e assegurada
ficaria a fidelidade do torcedor. Torcedor legítimo é o de arquibancada! E vivem
a clamar, hipocritamente, por mais torcedores nos estádios, aqueles mesmos que
são beneficiários da transmissão direta pela TV dos jogos.
Sobre estes últimos assuntos,
há um silêncio sepulcral. Aqueles que podem desencadear reações neste sentido
entrincheiram-se em suas cômodas posições, de onde se ouvem diuturnamente
elogios e mais elogios, verdadeira babação, ao futebol do exterior e sua
organização; ao seu sucesso de bilheteria; ao Messi; ao Barcelona, aos alemães,
o que vem sendo difundido e absorvido solidamente pelo torcedor brasileiro. De
se ouvir alguém dizer que torce para a Argentina, por causa de Messi que é do
“seu” Barcelona. Como na política, (tudo, para aqueles, no Brasil é fracassado), o
velho “complexo de vira-latas”.
Triste futebol brasileiro.