segunda-feira, 6 de julho de 2015

O FRACASSO DA SELEÇÃO BRASILEIRA

Como se não bastassem as humilhantes derrotas da nossa seleção na mais recente Copa do Mundo da Fifa, assistimos ao ultraje de sermos derrotados por uma seleção paraguaia que, sempre foi inferior e presentemente não passa por bons momentos.
Para me ater ao jogo em si, o empate conseguido pelos paraguaios foi fruto menos do que fazia àquela altura a nossa seleção e do que positivamente produziam os adversários, porém mais creditado a uma infantilidade, melhor dizendo, de um ato sobrenatural, do zagueiro Tiago Silva ao “meter” escandalosamente a mão na bola, como numa jogada de voleibol, dentro da área numa disputa pelo alto e digo ato sobrenatural baseado em suas próprias explicações pós-jogo: “não me lembro de ter usado a mão...”. É talvez tenha havido a interferência do além, quem sabe? Um adendo oportuno: este rapaz ao que parece sofre de algum sério abalo emocional; veja-se seu comportamento durante a já referida copa do mundo. Pois é, a infantilidade do zagueiro, somada às inqualificáveis cobranças de penalidades decretaram a eliminação do nosso selecionado na competição. Acho, até, que uma eliminação providencial, poupando-nos de um subsequente vexame maior. (O texto até aqui havia sido concluído antes que a seleção da Argentina goleasse impiedosamente o verdugo do nosso selecionado e bem antes de a seleção chilena sagrar-se pela primeira vez campeã da Copa América, após jogo, de 120 minutos e disputa por pênaltis, em que deteve sempre o domínio).
Eu, com meu parco conhecimento de futebol, acredito que não poderia haver um time melhor selecionado do que o eliminado. Com exceção de um ou outro justificado assim por conta das condições clínicas/físicas de possíveis excluídos, são as peças disponíveis para formar um time, no que respeita ao nosso selecionado, mesmo porque não dispomos de tantas opções como outrora. Que saudade!
Agora, combinemos, ver o que jogam certos jogadores em seus times, principalmente no exterior, e o que produzem/produziram recentemente é de se lastimar. Dizem que a culpa é do técnico que quer jogo diferente e até prejudicial ao estilo de cada um. Qual nada! Jogador que se presa e tem competência assume o que fazer dentro do campo. Recentemente, veio a público uma história pela qual o “Canhotinha de Ouro” teria decidido, enquanto um seu colega era atendido pelo médico, que o volante (oh! Quanta diferença entre o significado da função daqueles bons tempos e o seu significado atual), “Corró”, como era carinhosamente chamado por seus companheiros, Clodoaldo avançasse surpreendentemente em direção ao ataque, com o recuo dele, Gerson, que vinha sendo implacavelmente marcado, o que resultou em gol de empate pelo próprio Clodoaldo, àquela altura. E não é à toa que dois jogadores argentinos foram flagrados, agora, zombando do que supostamente lhes teria dito seu chefe, o técnico, ninguém menos que Tata Martino. Há histórias e mais histórias de um só jogador ou um grupo de jogadores que em campo resolvem modificações para ganhar jogo. Mas abandonemos o choro de perdedor e concedam-me o atrevimento de imiscuir-me no universo notoriamente chamado “fora de campo”.
A falta de organização estrutural do nosso futebol tem muito a ver com a vergonhosa conivência dos que podem determinar atitudes com objetivos na formação da matéria prima, que são os jogadores e do seu amadurecimento dentro do próprio país, ou seja, nos seus clubes, evitando-se, com inteligentes medidas, o “rapto” de imberbes jogadores, pelo poder econômico. Querem melhor exemplo de quando aqueles podem, até, ser agentes do próprio sistema? Um ex-goleiro e “ex” empresário de jogador até sua convocação, na direção técnica do selecionado. É como se milagrosamente transmudasse uma raposa em qualquer outro ser para ser guardiã de um galinheiro, de uma hora pra outra.
Tem muito a ver com a falta de uniformização de uma filosofia de jogo em todas as categorias de base nos clubes e nos respectivos selecionados nacionais. “...A deficiência na formação de jogadores está na infância, na adolescência, nas categorias de base.. Os treinadores das categorias de base são, geralmente, ex-atletas, que conhecem os detalhes do jogo, mas não conhecem a ciência de ensinar, ou treinadores acadêmicos, que sabem a ciência de ensinar, mas não sabem os detalhes de jogo. E preciso ter treinadores com os dois olhares”, (ensina Tostão).
E, acima de tudo, um reestudo do formato da competição nas diversas séries do campeonato nacional, (pontos corridos favorecem somente o grande capital, preciso explicar?), e - atenção! – uma forma mais justa de distribuição dos recursos financeiros advindos da participação de muitos em contrapartida para muito poucos que abocanham a grande fatia do bolo:
“ah! Mas o Flamengo tem a maior torcida (e vale para “Curíntias” e outros, “ô meu”), leva mais gente ao estádio, atrai mais audiência” diriam.
Como também, um reestudo no que tange (ai “Jisus”! - Lá vou eu bulir com um barril de pólvora) à exclusividade das transmissões televisivas dos jogos das séries do campeonato nacional e a um inteligente cardápio de horários de jogos. Existe inevitável competição entre os horários dos jogos e as transmissões ao vivo. Fatal concorrência na compra antecipada de ingressos para uma temporada, com a compra antecipada da transmissão televisiva. A compra antecipada de ingresso seria além da receita direta assegurada e assegurada ficaria a fidelidade do torcedor. Torcedor legítimo é o de arquibancada! E vivem a clamar, hipocritamente, por mais torcedores nos estádios, aqueles mesmos que são beneficiários da transmissão direta pela TV dos jogos.  
 Sobre estes últimos assuntos, há um silêncio sepulcral. Aqueles que podem desencadear reações neste sentido entrincheiram-se em suas cômodas posições, de onde se ouvem diuturnamente elogios e mais elogios, verdadeira babação, ao futebol do exterior e sua organização; ao seu sucesso de bilheteria; ao Messi; ao Barcelona, aos alemães, o que vem sendo difundido e absorvido solidamente pelo torcedor brasileiro. De se ouvir alguém dizer que torce para a Argentina, por causa de Messi que é do “seu” Barcelona. Como na política, (tudo, para aqueles, no Brasil é fracassado), o velho “complexo de vira-latas”.

Triste futebol brasileiro.