Vou confessar, quase
que me converto à religião! Fiquei balançado. Minhas convicções anteriores por
pouco não ruíram.
Acompanhei, com certo
interesse, a cobertura midiática à passagem do papa pelo país. Acredito que,
inicialmente, pela sua origem sulamericana, afinal trata-se de um papa que veio
“do fim do mundo” – palavras do próprio prelado, e este fim de mundo é a nossa
região. “Desde
o papa sírio Gregório III, no século VIII, Francisco, o pontífice moderno não
europeu“. Depois,
por suas atitudes que me pareceram naturais; sinceras e desprovidas de
demagogia. Avalio sua performance por esses dias em que aqui esteve, como
surpreendente e alvissareira. Estou acreditando, porém “com um olho na missa e outro no padre”, em uma mudança expressiva
de atitudes da alta cúpula da igreja católica no sentido da redução da fome; da
miséria, da desigualdade social, da concentração de renda, fatores esses que
sempre foram e são efetivamente os mantenedores da “fé cristã” e da própria opulência da “igreja de Pedro”; na verdade, a igreja de um novocristão, imperador romano. Alguém já disse. “A escolha da
pobreza. O santo de Assis...rebelou-se contra os pecados do Vaticano do século
XIII, [e] não foi por acaso que Bergoglio [seu nome de batismo], escolheu ser
Francisco".
Ver o Papa num carro
comum, sem blindagem, de janela aberta, diferentemente dos que andaram em
papamóvel blindado foi uma grata surpresa. “O papa...é contra o culto à
celebridade...pediu a remoção de uma estátua...a representá-lo sorridente e dar
a bênção...nos jardins da catedral metropolitana de Buenos Aires... removida
imediatamente.”. “Bergoglio optou
por uma linha popular do Ford Focus e tirou de circulação os doados automóveis
Mercedes Benz e BMW... Se gostam de carro de luxo, pensem nas crianças que
todos os dias morrem de fome”.
Além dessas
posições que mais se aproximam da Teoria da Libertação, do que dos
conservadores concílios, que levou muitos dos seguidores das ideias
franciscanas brasileiros (padre Beto, frei Tito...) às masmorras e, à
excomungação da Igreja. O papa foi incisivo ao “incitar” [ah! Esta palavra foi muito usada pelos idos de 60 e
70] os jovens a se rebelar, a
promover revolução – êta palavra que incomodava (só?!) os usurpadores do poder
e servis, na época já referida. Com relação a estas suas palavras, gostaria de
saber se Francisco assim pensaria e se teria coragem de fazer a revelação em público em plena ditadura
em que vivêramos.
(P.S.: os textos “aspeados” foram
retirados da revista Carta Capital nº 758).