segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O GOVERNO DILMA


Na postagem anterior, enfoquei a minha preocupação com a campanha da grande imprensa contra Lula e o governo da Presidenta Dilma e, com a edição especial de 09/01/13 da Carta Capital veio-me, mais uma oportunidade para demonstrar como a “opinião publicada” está cada vez mais alheada (voluntariamente) a todo o benefício que os governos do partido dos trabalhadores têm propiciado a esta nação, por décadas e mais décadas submetida, sua grande maioria, ao atraso, à pobreza, à subnutrição, etc, etc.

A Carta Capital ouviu empresários das diversas vertentes do mercado e outras personalidades numa série de artigos em que se expõe a gestão e os resultados do governo Dilma.

Aprovação Popular

Não obstante a “pequena credibilidade do noticiário econômico produzido pela imprensa oposicionista, que nos diz que vivemos à beira do abismo”. A maneira de governar da Presidenta “é aprovada por 77% e reprovada por 18%. Confiam nela os mesmos 77% e há 22% que dizem não. Nas duas dimensões, as respostas positivas vêm aumentando desde 2011” quem nos diz isto é Marco Coimbra na página 27.

Inclusão Social

Há que se registrar de início que os resultados auferidos pelo governo atual têm muito a ver com a indicação, uma indicação corajosa, desprovida, entretanto, de aventura, do ex-presidente Lula e que resultou, até então, num governo vitorioso, se não vejamos: na comparação de 2005 com 2011, a classe C que era composta por 51% dos brasileiros foi reduzida para 24%; enquanto a classe média cresceu de 34% para 51% e note-se bem as classes A e B (juntas) cresceram de 15 para 22%, portanto os ricos também cresceram. (Fonte: O Observador). Registre-se que, conforme afirma Antônio Delfim Netto, o Brasil foi classificado  pelo Boston Consulting Goup entre 150 países, como o melhor que utilizou o crescimento econômico dos últimos seis anos para elevar o padrão de vida e o bem-estar da população (em meio à crise que continua massacrando boa parte do mundo). Ainda dentro deste particular, vemos à página 52 da revista que, agora comparando o ano de 2000 (governo do psdb) com 2010, temos que, conforme dados do IBGE, a “alta classe média” cresceu sua participação de 9.4% para 10.8%; a “massa trabalhadora” cresceu de 24.4% para 26% (representando mais de 10 milhões de pessoas) e “os miseráveis” reduzidos de 27% para 10.1%, significando mais de 26 milhões de pessoas que saíram do extrato considerado da extrema pobreza! Sejamos sinceros, estes elementos vêm a público, espontaneamente, pela grande imprensa? Claro que não!

A Gestão da Economia

Estamos vivendo uma série crise econômica em todo o mundo. As grandes potências econômicas, os países ricos, vêm travando insana luta para atravessar a tempestade que se apodera de todo o mundo no que respeita à Economia. Para a grande imprensa o “pibinho” do Brasil é vergonhoso, ignoram, por exemplo, que este “pibinho” foi conseguido com a massa trabalhadora empregada em níveis nunca alcançados, respeitados seus direitos trabalhistas (coisa que não deve acontecer na China, Índia...) concorda, pois, com a intromissão de um órgão de imprensa internacional na soberania nacional, quando decretou inopinadamente a demissão do Ministro, Guido Mantega. Vejamos o que diz o Presidente do Banco Central do Brasil: “de dezembro de 2011 a novembro de 2012, a Bolsa mexicana aumentou 15% em moeda local e 23% em dólares; a colombiana, 14% e 22%, respectivamente, enquanto a Bovespa aumentou 1,6% em reais e perdeu 10% em dólares. Isso explica “o porquê” de o Brasil ter deixado de ser o queridinho que era do mercado financeiro, quando as aplicações rendiam, aqui, 30% ao ano, em dólares...”.

A Selic passou de 20,9%, em 2002, para 7,35%, este ano” (2012) “Com juros menores a economia interna aquecida, a força da iniciativa privada segue impulsionando o País. Os empregos estão a todo vapor, o desemprego atingiu a menor taxa no mês de outubro (5,3%), desde o início da pesquisa a dez anos. Quem nos diz isto é Eike Baptista, empresário. Por outro lado, o Presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, reforça: “Dois pilares básicos fundamentam essa visão: juros historicamente básicos – tanto a Selic quando os derivados de sua trajetória – e emprego estabilizado em níveis elevados. Esses fatores permitem novo fôlego ao crescimento do crédito, em benefício da evolução paratrimonial da sociedade, do indivíduo e do empreendedor”. E para finalizar: “Antigamente, se ocorresse uma pequena crise no mundo, o Brasil precisaria ser internado na UTI. Hoje, o mundo está na UTI e o Brasil está apenas com uma gripe. O que quero dizer é que descobrimos nosso grande potencial econômico interno e estamos fazendo todos os deveres de casa”. Quem faz esta afirmação, cujo significado deixa as “carpideiras” do mercado financeiro em polvorosa, é Luiza Helena Trajano, Presidenta do Magazine Luiza.

Vivemos num paraíso, não! Há muito que se fazer, não há dúvida alguma, mas estou esperançoso de que possamos, realmente, entrar numa verdadeira era de progresso com desenvolvimento econômico e, principalmente, social. Que as aves de rapina do grande capital e remanescias da velha UDN, sejam enxotadas daqui, que nunca mais se deponha Presidente, que nunca mais germine golpe de estado!  

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

OS PADRÕES DE MANIPULAÇÃO DA “MIDIA” BRASILEIRA


Tenho andado, de certa forma, desiludido, decepcionado e, acima de tudo, preocupado, em face de constatar que a campanha que a grande imprensa irresponsavelmente move contra o governo constituído da Presidenta Dilma e da imagem de grande estadista do ex-metalúrgico, Lula da Silva, está encontrando ressonância na velha classe média, especialmente junto a pessoas que me rodeiam, e digo preocupado porque venho sentindo cheiro de movimentação tal qual aconteceu nos anos 62-64.

O PT, desastradamente, embarcou na errada canoa dos velhos e surrados partidos, que navegava de há muito por águas tranquilas, e deu, assim, o mote para essa perseguição. Deste modo, o PT “inventou” toda a má (diga-se de passagem) prática política, a séculos e séculos, praticada e nunca combatida e que, só e somente só, na conta do Partido dos Trabalhadores foi metamorfoseada da prática de crime eleitoral (“nunca dantes” apenada, no particular) para crime com pena de, até, restrição à liberdade individual para cada um dos envolvidos.

Bem, mas, em verdade, quero transcrever o texto a seguir, cujo autor esteve ou está residindo fora do país e, ele como ninguém, pode dar um bom testemunho do estrago que tem feito a grande mídia no que respeita à tendenciosidade, à imparcialidade na formação da opinião pública, que, como já disse alguém, se trata de opinião publicada e não pública.   

 

Enviado por luisnassif, sex, 28/12/2012 - 16:00

Por Marco Antonio L.


Os textos de Demétrio Magnoli, Ricardo Noblat, Merval Pereira, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, entre outros, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira.

Por Jaime Amparo Alves | No Pragmatismo Político

Os brasileiros no exterior que acompanham o noticiário brasileiro pela internet têm a impressão de que o país nunca esteve tão mal. Explodem os casos de corrupção, a crise ronda a economia, a inflação está de volta, e o país vive imerso no caos moral. Isso é o que querem nos fazer crer as redações jornalísticas do eixo Rio – São Paulo. Com seus gatekeepers escolhidos a dedo, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja e O Globo investem pesadamente no caos com duas intenções: inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e destruir a imagem pública do ex-presidente Lula da Silva. Até aí nada novo.

Tanto Lula quanto Dilma sabem que a mídia não lhes dará trégua, embora não tenham – nem terão – a coragem de uma Cristina Kirchner de levar a cabo uma nova legislação que democratize os meios de comunicação e redistribua as verbas para o setor. Pelo contrário, a Polícia Federal segue perseguindo as rádios comunitárias e os conglomerados de mídia Globo/Veja celebram os recordes de cotas de publicidade governamentais. O PT sofre da síndrome de Estocolmo (aquela na qual o sequestrado se apaixona pelo sequestrador) e o exemplo mais emblemático disso é a posição de Marta Suplicy como colunista de um jornal cuja marca tem sido o linchamento e a inviabilização política das duas administrações petistas em São Paulo.

O que chama a atenção na nova onda conservadora é o time de intelectuais e artistas com uma retórica que amedronta. Que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso use a gramática sociológica para confundir os menos atentos já era de se esperar, como é o caso das análises de Demétrio Magnoli, especialista sênior da imprensa em todas as áreas do conhecimento. Nunca alguém assumiu com tanta maestria e com tanta desenvoltura papel tão medíocre quanto Magnoli: especialista em políticas públicas, cotas raciais, sindicalismo, movimentos sociais, comunicação, direitos humanos, política internacional… Demétrio Magnoli é o porta-voz maior do que a direita brasileira tem de pior, ainda que seus artigos não resistam a uma análise crítica.

Agora, a nova cruzada moral recebe, além dos já conhecidos defensores dos “valores civilizatórios”, nomes como Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro. A raiva com que escrevem poderia ser canalizada para causas bem mais nobres se ambos não se deixassem cativar pelo canto da sereia. Eles assumiram a construção midiática do escândalo, e do que chamam de degenerescência moral, com o fato. E, porque estão convencidos de que o país está em perigo, de que o ex-presidente Lula é a encarnação do mal, e de que o PT deve ser extinguido para que o país sobreviva, reproduzem a retórica dos conglomerados de mídia com uma ingenuidade inconcebível para quem tanto nos inspirou com sua imaginação literária.

Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro fazem parte agora daquela intelligentsia nacional que dá legitimidade científica a uma insidiosa prática jornalística que tem na Veja sua maior expressão. Para além das divergências ideológicas com o projeto político do PT – as quais eu também tenho -, o discurso político que emana dos colunistas dos jornalões paulistanos/cariocas impressiona pela brutalidade. Os mais sofisticados sugerem que a exemplo de Getúlio Vargas, o ex-presidente Lula cometa suicídio; os menos cínicos celebraram o “câncer” como a única forma de imobilizá-lo. Os leitores de tais jornais, claro, celebram seus argumentos com comentários irreproduzíveis aqui.

Quais os limites da retórica de ódio contra o ex-presidente metalúrgico? Seria o ódio contra o seu papel político, a sua condição nordestina, o lugar que ocupa no imaginário das elites? Como figuras públicas tão preparadas para a leitura social do mundo se juntam ao coro de um discurso tão cruel e tão covarde já fartamente reproduzido pelos colunistas de sempre? Se a morte biológica do inimigo político já é celebrada abertamente – e a morte simbólica ritualizada cotidianamente nos discursos desumanizadores – estaríamos inaugurando uma nova etapa no jornalismo lombrosiano?

Para além da nossa condenação aos crimes cometidos por dirigentes dos partidos políticos na era Lula, os textos de Demétrio Magnoli , Marco Antonio Villa, Ricardo Noblat , Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, além dos que agora se somam a eles, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira. Seus textos serão utilizados nas disciplinas de ontologia jornalística não apenas com o exemplos concretos da falência ética do jornalismo tal qual entendíamos até aqui, mas também como sintoma dos novos desafios para uma profissão cada vez mais dominada por uma economia da moralidade que confere legitimidade a práticas corporativas inquisitoriais vendidas como de interesse público.

O chamado “mensalão” tem recebido a projeção de uma bomba de Hiroshima não porque os barões da mídia e os seus gatekeepers estejam ultrajados em sua sensibilidade humana. Bobagem! Tamanha diligência não se viu em relação à série de assaltos à nação empreendidos no governo do presidente sociólogo! A verdade é que o “mensalão” surge como a oportunidade histórica para que se faça o que a oposição – que nas palavras de um dos colunistas da Veja “se recusa a fazer o seu papel” – não conseguiu até aqui: destruir a biografia do presidente metalúrgico, inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e reconduzir o projeto da elite ‘sudestina’ ao Palácio do Planalto.

Minha esperança ingênua e utópica é que o Partido dos Trabalhadores aprenda a lição e leve adiante as propostas de refundação do país abandonadas com o acordo tácito para uma trégua da mídia. Não haverá trégua, ainda que a nova ministra da Cultura se sinta tentada a corroborar com o lobby da Folha de S. Paulo pela lei dos direitos autorais, ou que o governo Dilma continue derramando milhões de reais nos cofres das organizações Globo e Abril via publicidade oficial. Não é o PT, o Congresso Nacional ou o governo federal que estão nas mãos da mídia.

Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser condenadas, e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela mais alta corte de Justiça do país. Na última sessão do julgamento da ação penal 470, por exemplo, um furioso ministro-relator exigia a distribuição antecipada do voto do ministro-revisor para agilizar o trabalho da imprensa (!). O STF se transformou na nova arena midiática onde o enredo jornalístico do espetáculo da punição exemplar vai sendo sancionado.

Depois de cinco anos morando fora do país, estou menos convencido por que diabos tenho um diploma de jornalismo em minhas mãos. Por outro lado, estou mais convencido de que estou melhor informado sobre o Brasil assistindo à imprensa internacional. Foi pelas agências de notícias internacionais que informei aos meus amigos no Brasil de que a política externa do ex-presidente metalúrgico se transformou em tema padrão na cobertura jornalística por aqui. Informei-lhes que o protagonismo político do Brasil na mediação de um acordo nuclear entre Irã e Turquia recebeu atenção muito mais generosa da mídia estadunidense, ainda que boicotado na mídia nacional. Informei-lhes que acompanhei daqui o presidente analfabeto receber o título de doutor honoris causa em instituições européias, e avisei-lhes que por causa da política soberana do governo do presidente metalúrgico, ser brasileiro no exterior passou a ter uma outra conotação. O Brasil finalmente recebeu um status de respeitabilidade e o presidente nordestino projetou para o mundo nossa estratégia de uma America Latina soberana.

Meus amigos no Brasil são privados do direito à informação e continuarão a ser porque nem o governo federal nem o Congresso Nacional estão dispostos a pagar o preço por uma “reforma” em área tão estratégica e tão fundamental para o exercício da cidadania. Com 70% de aprovação popular, e com os movimentos sociais nas ruas, Lula da Silva não teve coragem de enfrentar o monstro e agora paga caro por sua covardia.Terá a Dilma coragem com aprovação semelhante, ou nossa meia dúzia de Murdochs seguirão intocáveis sob o manto da liberdade de e(i)mprensa?

Jaime Amparo Alves é jornalista, doutor em Antropologia Social, Universidade do Texas em Austin –amparoalves@gmail.com