sábado, 15 de dezembro de 2012

O ACESSO AO MEU BLOG


Venho mantendo este Blog porque sou persistente. Decepciona-me a baixa frequência de acesso. Não tenho interesse comercial algum. Já me indicaram como chegar aos anunciantes, até. Mas me intenção não esta. Agora vejam bem, tenho tantos amigos, tantos parentes, especialmente, filhos a quem divulgo o meu Blog, mas tem sido decepcionante a quantidade de ACESSO ao Blog de Mário  César. Mas como sempre há de haver o balanço e contra balanço, sou surpreendido, nestes dois últimos dias com uma frequência de acesso nunca vista. Espero que agora, as pessoas continuem e outras passem a ver o meu Blog com maior frequência. E lembrem-se: notícias, notícias repetidas, requentadas são fabricadas para quem não tem competência. Meu Blog tem a finalidade precípua de passar notícias que, infelizmente NÃO DÃO NO JORNAL DA GLOBO e vou seguir assim. Tenham em mente: o que “dá na Globo” pode não ser  a verdade dos fatos e em muito do que não dá pode estar a real verdade dos fatos e é neste particular que trabalho.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A REDUÇÃO DA CONTA DE LUZ ELÉTRICA

Há algum tempo, o governo da Presidenta Dilma anunciou que, em face do próximo encerramento de contratos com empresas do sistema elétrico brasileiro; consequentemente, com a extinção da dívida pretensamente ligada aos investimentos por parte das empresas, imposta aos consumidores, haveria redução na conta de luz elétrica, uma vez que a despesa debitada a investimento, como já disse, estaria paga e, por isto, dos novos contratos a remuneração não contaria com tal aditivo. Disse ainda o comunicado que a redução do valor das contas ficaria em torno de 20%.

Então, nas últimas horas, a grande imprensa, cumprindo o seu real papel de oposição ao governo do PT, soltou a campanha, ouvida, quase que da mesma forma em qualquer dos “grandes” órgãos, “a redução na conta da luz elétrica será bem inferior à anunciada pelo governo”, ou seja de 17%.

Quando hoje, leio no Blog de Luís Nassif o texto que transcrevo abaixo, reforça-me, mais ainda, o entendimento do papel de oposição da grande imprensa, muito bem articulada com o quase morto tucanato.

Vejam como os governadores de Minas, de São Paulo e do Paraná, todos do PSDB, articularam-se com a direção do partido e com a imprensa para reduzir o impacto da benéfica ação do governo para o consumidor em geral e, especialmente, para a indústria, o  que, sem sombra de dúvidas, é uma forte medida de redução do custo Brasil, como gostam de citar os economistas.

E, atenção! A soma da participação dos estados em causa, com relação às suas empresas (Cemig, Cebesp e Cetelp), “bate” justamente com o tão propalado “engano” do governo no estabelecimento do valor da redução nas contas. Explica-se, as empresas dos estados citados representam, em torno de 20% da geração e transmissão de energia elétrica. Retire-se 20% dos 20% previstos pelo governo e se encontrarão os 17% (aproximadamente) tidos como frustrantes pela imprensa.

Enviado por luisnassif, qua, 05/12/2012 - 07:55

Do O Globo
Cúpula do PSDB articulou recusa de Minas e São Paulo ao pacote

Senador Aécio Neves usou a tribuna para anunciar decisão da Cemig
Maria Lima, Fernanda Krakovics
BRASÍLIA – A posição conjunta dos governos tucanos de Minas Gerais e São Paulo de não permitir a adesão integral das estatais destes estados às regras da MP 579 para a renovação de contratos de concessão de energia foi uma resposta política articulada com a cúpula do PSDB. Nos últimos dois dias, os governadores Antônio Anastasia, de Minas; e Geraldo Alckmin, de São Paulo, conversaram e acertaram a decisão de não aderir integralmente na área de geração de energia, só na área de transmissão.
Agora, para evitar um impacto eleitoral negativo, os líderes tucanos terão de convencer a população de baixa renda que essa não é uma posição contra a redução das tarifas de energia elétrica.
Anastasia decidiu só se manifestar nesta quarta-feira sobre a decisão justamente para evitar a leitura política da operação casada, que aconteceu um dia depois de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lançar a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) para disputar com a presidente Dilma Rousseff as eleições para presidência em 2014. Coube a Aécio assumir e linha de frente em defesa da decisão de Minas e São Paulo.
Aécio diz que há intervenção
Depois de fazer um discurso na tribuna do Senado criticando a forma como o governo federal tenta reduzir a tarifa de energia elétrica, Aécio anunciou publicamente que a Cemig não assinaria o contrato de renovação da concessão com receita menor. Ele defendeu a desoneração da conta de luz com redução ou isenção de impostos.
— Eu já posso dizer: a Cemig não vai assinar — disse Aécio, depois de consultar o relógio, por volta de 17h. — Foi imprudência do governo não dialogar com os estados. Às vésperas da eleição a presidente chamou cadeia (nacional) de rádio para anunciar que reduziria a tarifa de energia, sem dizer que estava fazendo uma intervenção no setor — criticou o senador.
Dilma vira alvo
O mineiro afirmou que está havendo quebra de contrato e que, dessa forma, o setor privado não vai fazer investimentos. E ele cobrou ações de governos estaduais do PT, dizendo que, em Minas, ele baixou a conta de luz para os mais pobres, abrindo mão do recolhimento de ICMS.
— Somos a favor da queda da tarifa. Fizemos em São Paulo, em Minas, ao contrário do Rio Grande do Sul, que é governador pelo PT — disse o senador.
O governador Anastasia esteve em Brasília na véspera, para negociar com o governo e correligionários a posição da Cemig. Na segunda-feira, houve na capital um encontro de líderes tucanos com prefeitos eleitos, com a presença de Fernando Henrique, Aécio, o presidente do partido Sérgio Guerra (PSDB-PE) e o ex-senador Tasso Jereissatti. Uma das decisões foi justamente eleger a presidente Dilma como adversária, no embate político, deixando o ex-presidente Lula em segundo plano.
— Prefiro não fazer essa conspiração, mas é estranho essa posição casada de Minas e São Paulo. Se não querem aderir, a Dilma licita e pronto — comentou o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT).
O secretário de Energia do governo de São Paulo, José Aníbal (PSDB), negou que a decisão de São Paulo seja política e procurou justificar com argumentos técnicos.
— Você não pode querer impor aos estados uma perda expressiva a favor de propósito com o qual concordamos, que é reduzir o preço da energia — disse Aníbal. — O governo sai desse episódio devendo um esclarecimento maior, porque o movimento todo foi feito com baixo nível de diálogo. Paciência, não deu certo.
O governo chamou o secretário a Brasília ontem para uma última tentativa de dissuadi-lo sobre a decisão.
— A proposta para nós é insuficiente, está aquém daquilo que é a nossa avaliação de custos de operação e manutenção do conjunto Cesp. Com relação a ressarcimentos suplementares, isso só será feito ao longo de 2013, o que é incerto — disse Aníbal.
O secretário acrescentou que o governo paulista teria que arcar com o custo da redução da tarifa da Cesp:
— A assembleia geral da empresa já decidiu que não vai participar desse processo porque nós não podemos aceitar essa defasagem que caberia ao Tesouro de São Paulo assumir. É recurso que temos de tirar de nossas receitas destinadas às áreas de saúde, educação e saneamento. (Colaborou Danilo Fariello)

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

AEROPORTO DOIS DE JULHO

Encontro-me no aeroporto, nos preparativos para embarque para São Paulo. Almocei assistindo a um DVD de Paula Toller (é assim mesmo?) está sensacional. É bem diferente da imagem sua que criei ouvindo-a, tão somente por CD; sem ser fanfarrona, sua apresentação é de uma dinâmica admirável e sua voz, contradizendo-me, é gostosa, suave, encaixando-se bem num cuidadoso repertório. Pô, gamei. (como se dizia nos anos 70’).

Já ouvi alguém dizer: aeroporto é um grande shopping center e é verdade.

Este aeroporto, anteriormente designado Aeroporto Internacional Dois de julho, teve seu nome grosseiramente substituído pelo nome do filhinho do então “dono da Bahia”, num desrespeito total aos heróis da independência e à própria saga da luta pela independência na Bahia, e, somando-se à maior expressão da megalomania do “coronel”, o filho do então “dono da Bahia”, é “elevado” à condição de ser superior, santificado. É o que a nós nos expõe, a nós nos impõe, um gigantesco mural ricamente trabalhado numa daquelas imensas paredes do aeroporto (e pago por quem?!!!). Ali está o queridinho do “rei” “ascendido aos céus” da Bahia ao lado de uma figura de santa da igreja católica, acima de pessoas de “santo”, pessoas do axé, como se diz por aqui.

Enquanto espero a ordem de embarque, leio o livro “Crônicas Brasileiras”. Darcy Ribeiro, o autor, é um grande vulto da nossa história contemporânea e a posteridade ainda há de reconhecer a sua importância; assim como, tantos outros esquecidos, relegados e, até, desterrados. Este livro, que é de crônicas, faz-me relembrar, de início, tudo aquilo que antecedeu à implantação dos “anos de chumbos” em que vivemos os brasileiros. Relembra-me como um Presidente da República legal e legitimamente empossado, com ideais reformadores e democráticos, foi deposto impiedosamente, em ação capitaneada por um país estrangeiro “amigo” (mui amigo) e com ajuda das forças retrógradas, sob o manto do udenismo, que se sentiam ameaçadas com as reformas de base, e que até hoje relutam em aceitar e trabalham junto com a grande imprensa para desacreditar, desestabilizar o governo do Presidente Lula Inácio da Silva e da Presidenta (êta termo que dá comichão a certas pessoas!) não obstante todo o sucesso que vem obtendo, (com grande aceitação popular) e a operacionalização de militares entreguistas. Conjugação afinadíssima que já havia levado Getúlio Vargas ao suicídio; obrigado a implantação de um esdrúxulo parlamentarismo (afora movimentos conspiradores anteriores sufocados e que não foram poucos, v. período do governo JK).    

 
   
 
 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

OS MAIS RECENTES PRÊMIOS CONCEDIDOS A LULA


Tenho sido forçado a, na prática, me desviar dos objetivos principais deste meu Blog, tamanha é a campanha que a grande imprensa, mais conhecida por PIG (Partido da Imprensa Golpista), pratica de descrédito, de aniquilamento de Lula e do Partido dos Trabalhadores e de claras intenções golpistas contra o legítimo e, até então, bem sucedido governo da Presidenta Dilma. As notícias más, até criadas por eles mesmos, têm uma repercussão orquestravelmente maciça. Já notícias boas, que enaltecem Lula, o PT, ou Dilma e seu governo, viram simples notícias de “rodapé”, quando divulgadas.

O exemplo bem recente está com a reprodução dos dois textos que estão a seguir. Pelo primeiro é noticiado que o ex-presidente Lula Inácio da Silva recebeu, no dia 6 p. passado, o prêmio Nelson Mandela de Direitos Humanos, concedido por uma associação canadense de trabalhadores da indústria automotiva e justifica que o “prêmio é um reconhecimento à contribuição do ex-presidente do Brasil para a inclusão social e o combate à fome. "Você deu enorme esperança a todos nós, mundo afora, mostrando que há alternativas ao modelo conservador de tantos governos hoje em dia". No segundo, o “Ex-presidente venceu por unanimidade o prêmio, que tinha a concorrência de 177 personalidades; motivo foi a luta de Lula pelo crescimento econômico do Brasil e para "erradicar a pobreza e a miséria" durante seus dois mandatos”. Referido prêmio é concedido pelo governo autônomo da Catalunha, na Espanha. E fica a pergunta, quem aqui, pelo menos por aqui, em Salvador, ouvi ou leu na grande imprensa alguma nota sobre estes fatos. Não! A eles (os do PIG) não interessa sua divulgação.    
 
de O Estado de S. Paulo

Autor:


Por implacavel

Lula recebe prêmio Nelson Mandela de Direitos HumanosPremiação reconhece contribuição do ex-presidente para a inclusão social e o combate à fome
SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira, 6, o prêmio Nelson Mandela de Direitos Humanos, concedido pela Canadian Auto Workers (CAW), a Associação Canadense de Trabalhadores da Indústria Automotiva. A entrega ocorreu na sede da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A entidade canadense mantém relações de correspondência com a brasileira Central Única dos Trabalhadores (CUT). Lula participou da abertura da Conferência Nacional de Negociação Coletiva Metalúrgica e discursou no evento.

Durante a entrega, foi apresentado um vídeo com saudação do presidente nacional da CAW, Ken Lewenza, para quem o prêmio é um reconhecimento à contribuição do ex-presidente do Brasil para a inclusão social e o combate à fome. "Você deu enorme esperança a todos nós, mundo afora, mostrando que há alternativas ao modelo conservador de tantos governos hoje em dia", diz Lewenza na gravação. Lula também discursou no evento. O prêmio, oferecido a cada três anos a uma personalidade mundial, foi concedido a Lula em agosto deste ano. Como a agenda do ex-presidente não permitiu a viagem ao Canadá, a entrega foi transferida para a cidade onde Lula reside.

Do Brasil 247
Lula recebe Prêmio Internacional da Catalunha

Ex-presidente venceu por unanimidade o prêmio, que tinha a concorrência de 177 personalidades; motivo foi a luta de Lula pelo crescimento econômico do Brasil e para "erradicar a pobreza e a miséria" durante seus dois mandatos

2 DE ABRIL DE 2012 ÀS 15:31

Agência Brasil - O governo autônomo da Catalunha, na Espanha, anunciou hoje (2) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o vencedor do 24º Prêmio Internacional Catalunha 2012. A informação foi divulgada pelo Instituto Lula.

O ex-presidente venceu por unanimidade a eleição, na qual concorriam 177 personalidades de 57 países. Durante o anúncio do prêmio, o presidente do governo catalão, Artur Mas, disse que a escolha de Lula foi motivada pela luta que o ex-presidente travou em seus dois mandatos pelo crescimento econômico do Brasil e para "erradicar a pobreza e a miséria" do país.

Na cerimônia, foi lida uma carta em que Lula manifesta "alegria e orgulho" pelo prêmio. "[O prêmio é] "uma conquista que reforça a minha convicção na importância de lutar por uma sociedade mais justa e democrática, sem fome e sem miséria", diz o ex-presidente na carta.

De acordo com o Instituto Lula, o júri, presidido pelo escritor e filósofo Xavier Rubert de Ventós, também elogiou a política adotada pelo ex-presidente, “a serviço de um crescimento econômico justo, que colocou seu país à frente da globalização”.

O Premio Internacional Catalunya é concedido anualmente desde 1989 a personalidades internacionais dos meios político, econômico e cultural. Entre os homenageados anteriores incluem-se os ex-presidentes ou primeiros-ministros Jimmy Carter, dos Estados Unidos, em 2010; Vaclav Havel, da República Tcheca, e Richard von Weizsacker, da Alemanha, em 1995; Jacques Delors, da França, em 1998; os intelectuais Edgar Morin, da França, em 1994, Karl Popper, da Áustria e naturalizado britânico, em 1989, e Claude Lévi-Strauss, da França, em 2005.
UMA CORREÇÃO: O SEGUNDO PRÊMIO É DE ABRIL DE 2012, MAS VALE COMO EXEMPLO, SIM. (Mário César)

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

SOBRE AS RECENTES ELEIÇÕES


Baixada a poeira provocada pelas eleições municipais do último mês de outubro, há que se fazer uma reflexão.

Sobre a eleição em Salvador

Diante de uma série de fatores negativos (vejamos adiante), eu estive sempre contando com a vitória do candidato dos demo (é bem apropriado o apelido, não?), mesmo assim,  ainda restava um fio de esperança na virada de jogo. Mas impossível, tive que reconhecer, em face de setores ditos da esquerda, por um estúpido revanchismo, posicionaram-se a favor da direita retrógrada, de onde não podem vir, de forma alguma, medidas benéficas aos mais necessitados, medidas de cunho social. Realmente, a atuação do governo de Jaques Wagner, desastrosa na administração das greves dos PMs e, especialmente, dos Professores, além de não ter sabido comportar-se devidamente com relação à situação da capital , o que parece resultar em “uma Salvador abandonada” sob a responsabilidade de  uma mistura de João Henrique com Wagner,), para os menos desavisados.

Tudo isto foi decisivo na derrota de Pelegrino. Somado a isto, tem o prefeito eleito, Neto, a mídia em suas mãos, especialmente a TV Bahia, de sua propriedade, que logicamente não poupou esforços no sentido de fazer, mesmo subliminarmente, campanha pelo seu dono. Os votos de Mário Kertész, de origem na classe média, o terceiro colocado no 1º turno, não fosse o revanchismo de certa esquerda e a maciça campanha midiática do “mensalão”, poderia fazer alguma diferença. Enfim, além de tudo, o nome Pelegrino já é desgastado. Acredito que as esquerdas realmente preocupadas com o direcionamento de políticas que visem tornar esta cidade habitável sob todos os aspectos, e não com interesses específicos, deverão aprender com a derrota e rever certos conceitos, principalmente criação de novas lideranças.

O PSOL e a realidade entre militância e governança

Tomo conhecimento de que “Prefeito eleito pelo PSOL em Macapá diz querer diálogo com Sarneye “ ...Não é o militante Clécio que está procurando o cacique José Sarney. É o prefeito que vai procurar a base parlamentar eleita pelo povo de Macapá para pedir ajuda. Para que eles cumpram seu papel institucional. Não podemos abrir mão da ajuda de ninguém. Então é necessário que a gente abra esse dialogo institucional republicano - justifica.e mais: “...elogia a adesão do DEM e do PSDB à sua candidatura no segundo turno.. O que dirão os “combatentes” militantes do partido que se diz símbolo da pureza política deste varonil Brasil e que “mata” o Partido dos Trabalhadores por causa de suas “inaceitáveis” alianças partidárias.

 

A Opinião Pública vs a Opinião Publicada

De Bob Fernandes, transcrevo um artigo publicado no Terra Magazine:

Outra vez a opinião pública derrotou a opinião publicada

Cada um irá ler e analisar o resultado da eleição com suas razões. Ou, com o fígado. Mais com o fígado do que com razões, muitos apostaram que Lula seria derrotado em São Paulo. Lula bancou sua maior aposta. E ganhou com Fernando Haddad na maior e mais poderosa cidade do Brasil.

Toneladas de papel, centenas de horas e horas nas rádios e TVs, bits e mais bits foram gastos para explicar como e porque Lula seria inexoravelmente derrotado. Se tivesse perdido, choveriam manchetes sobre a "estrondosa derrota", análises infindas brotariam com erros que teriam levado à "derrota monumental".

Já os números são inequívocos: o PT e o PSB saem da eleição com mais prefeituras e mais eleitores. Juntos, conquistaram 31% dos eleitores e 1.076 das prefeituras do Brasil. O PMDB, que encolheu, mesmo assim venceu em 1.026 cidades. Somente estes três partidos da base da presidente Dilma, PT, PMDB e PSB, governarão 2.102 das 5.556 cidades. E governarão 48% dos eleitores do Brasil.

Eduardo Campos (PSB) sai forte, fortíssimo das urnas. Pode seguir com mais espaço no governo Dilma, e pode começar a ensaiar seu voo solo. Não faltará quem queira o governador de Pernambuco em duetos, tercetos...

Aécio Neves (PSDB), no primeiro turno, também venceu. É paradoxal, como costuma ser a política, mas Aécio ganha espaço com a derrota de José Serra. Não há quem não saiba que os dois tucanos não se bicam.

José Serra perdeu para um conjunto de fatores: fadiga de material, má avaliação do prefeito Kassab, erros na campanha... mas Serra perdeu também para si mesmo.

Serra perdeu porque costuma subestimar os demais. Porque imagina, quase sempre, que "o outro" é um inimigo, seja o "outro" quem for. E essa é uma equação que não fecha. Menos ainda na política, onde a conta sempre chega.

Lula, Dilma e o PT perderam batalhas. Em Salvador, Campinas, Fortaleza, Porto Alegre, Recife... e outros tantos cantos. Como também perderam Eduardo Campos e Aécio Neves. Mas, é fato, eles venceram suas batalhas simbólicas.

Kassab e seu PSD ganharam 497 prefeituras... mas perderam a poderosa São Paulo, um símbolo com 6% do eleitorado do país.

Perderam os que superestimaram e apostaram em efeitos imediatos do julgamento no Supremo Tribunal Federal.

O chamado "mensalão" é um conjunto de fatos objetivos. De fatos graves, ou gravíssimos.

Mas não funcionou magnificar o "mensalão" ainda mais. Não funcionou fazer de conta que o "mensalão" é caso único e isolado na vida político-partidária brasileira.

O Brasil tem hoje 80 milhões de usuários na internet e 50 milhões usam redes sociais no cotidiano. Portanto, milhões e milhões de pessoas ouvem falar de outros escândalos, alguns monumentais. Esses escândalos não chegam às manchetes. Muitas vezes mal são noticiados, ou, nem são noticiados na chamada grande mídia. É como se tais escândalos não existissem.

Talvez por isso, mesmo com a gravidade do caso "mensalão", 20% dos eleitores do Brasil se abstiveram; em São Paulo, incluídos os nulos, o número bate nos 30%.

É muito, pode ser mesmo significativo de algo, mas quem é do ramo, como José Roberto de Toledo, de O Estado de S.Paulo, recomenda cautela: tais números precisam ser revistos à luz de uma atualização de cadastros; entre mortos e etc., a conta pode não ser exatamente esta.

Mas, fato objetivo, o "mensalão" não deu a vitória para quem se valeu do julgamento como arma e discurso principal na campanha.

O porque desse descompasso entre uma causa, "o mensalão", e o que tantos buscaram, os efeitos imediatos, para esta eleição, é coisa para pesquisadores, sociólogos e demais "ólogos". Mas cabem alguns raciocínios mais simples.

Por exemplo: das 5.556 cidades do Brasil, 70% têm menos de 20 mil habitantes (com 17% do eleitorado). Seus moradores, portanto, conhecem, sabem "quem leva" e "quem não leva". E sabem que o "levar" é, infelizmente, multipartidário.

O mesmo sabem moradores de milhares de cidades com dimensões que ainda permitem saber quem é quem. Ou, "quem leva" e "quem não leva". Talvez por isso o ex-governador de São Paulo Claudio Lembo (PSD) – que não é um perigoso esquerdista – tenha feito uma importante, intrigante pergunta depois da eleição:

- Os brasileiros estão afastados dos valores éticos, ou os eleitores se consideraram manipulados pelos mecanismos (os meios) de informação?

Diante do que se viu, se leu e se ouviu antes e durante as eleições, cabe uma constatação: em muitas porções do Brasil, e mais uma vez, a opinião pública derrotou a opinião publicada ”.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Parque das Dunas do Abaeté


Milhões de pessoas residem em Salvador; centenas de milhar de pessoas residem em Itapuã e adjacências (Piatã, Mussurunga, São Cristovão, Stella Maris, Praia do Flamengo, etc), mas desconhecem completamente a riqueza ambiental de que dispomos e que está à nossa disposição para conhecê-la e diuturnamente (esta riqueza) está trabalhando pela limpeza do nosso ar e, acima de tudo, pela preservação de uma fauna e de uma flora que já estariam extintas, não fosse sua existência e sua manutenção que é exercida com muita dedicação e sapiência pelo órgão que a administra, que é a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP. Pois bem, no último sábado (dia 27/10), fomos, este que vos escreve acompanhado de Mário, seu filho, Mônica, sua nora e Ana Luíza, sua neta, conhecer o paraíso ecológico que é o Parque Ecológico da Restinga (do Abaeté), em plena zona urbana (assim podemos considerar tendo em vista a ocupação populacional ao entorno da área de preservação ambiental em foco). Fiz questão de que fizéssemos esta visita com o sentido de auxiliar na educação de Ana Luiza e acredito que minha intenção foi muito bem sucedida, considerando o comportamento de Luíza durante a trilha e, até, ao encerramento da atividade, (já na Administração do Parque). Isto porque ela teve uma participação efetiva, com suas observações e seus questionamentos. Tendo sido nomeada voluntária pelo Presidente do projeto, levando consigo CD e folders para divulgar em sua escola. Saí dali, portanto, inteiramente satisfeito. E gostaria que outras pessoas conhecessem, divulgassem e estimulassem a visitação àquele Parque, especialmente, de crianças para que a conscientização ecológica cresça com o crescimento da geração que começa a se formar.

 O QUE É A UNIDUNAS?

A UNIDUNAS é uma OSCIP – (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), criada com o intuito de preservar o meio ambiente nas áreas remanescentes de dunas e restingas da APA do Abaeté, e vem protegendo a área durante vários anos da prática de especulação imobiliária, off-road, retiradas da flora e da fauna.
Há anos incentiva a visitação de instituições de ensino, associações, ONG's, entre outros, demonstrando o potencial da área.
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A IMPORTÂNCIA E AS FUNÇÕES DESTE PROJETO AMBIENTAL:

Considerado o maior projeto ambiental do município de Salvador, são inúmeras as razões para preservar o Parque Ecológico da Restinga.
A sua importância ambiental deve-se a causas históricas, ambientais climáticas e sociais, portanto é necessário:
Preservar o ecossistema natural das dunas, de forma a assegurar as condições ecológicas e o bem-estar e segurança da população;
Preservar um importante remanescente da restinga do município do Salvador;
Preservar a Biodiversidade (a flora e fauna nativa, de forma a impedir a sua destruição, bem como preservar as espécies ainda existentes, ex: quatro espécies endêmicas da flora);
Proporcionar ao público em geral, atividades interpretativas através das trilhas guiadas e do Centro de Visitantes;
Desenvolver atividades recreativas, tais como piquenique, descanso, parque infantil e trilha;
Promover pesquisas científicas sobre os recursos naturais do Parque;
Proteger os aqüíferos existentes pela manutenção da cobertura vegetal;

Benefícios de Preservar:
Gera um micro clima agradável;
Contribui para a recarga do aqüífero subterrâneo ;
Manter a vegetação fixa as dunas;
Preservar o habitat de diversas espécies vegetais e animais;
Contribui para a melhoria do ar;
Age como barreira hidráulica ao avanço subterrâneo da cunha salina;
É o pulmão verde da cidade e purifica o ar;
Será uma das melhores opções de lazer natural da cidade;
Contribui para a qualidade de vida da população;
É uma paisagem impar e belíssima;
É Patrimônio Baiano!

Transcritas estas informações, faz-se necessário que transmita um pouco do conhecimento obtido com a brilhante aula proferida pelo Professor Licurgo, guia e “abre-trilha” da nossa “expedição”, meu conhecido de visita anterior (há anos atrás). Da sua competente narrativa, passa-se saber sobre a origem do sistema formado pelas dunas, restingas e lagoas, coisa que remonta aos tempos de milhões de anos atrás, e que é irmão do sistema da Chapada Diamantina; passa-se saber que este ecossistema trabalha como um filtro para a ventilação do ar quente, que vem do mar carregado de salinidade, e segue em direção à Paralela resfriado e, puro de sal, portanto, se espalha, assim, por toda a cidade e que, por isto, Salvador “não tem poluição ambiental” e que, ainda, por causa deste bendito ecossistema nós respiramos ar bem diferente de outras grandes metrópoles, além de preservar a rica biodiversidade ali existente. Há espécies endêmicas (só ali existentes) da flora e espécies animais que já teriam sido extintas se não houvesse sido criada, oportunamente, a OSCIP, que com competência e dedicação trabalha pela sua preservação.

Tenham a certeza de que visitar o Parque será uma experiência importante para o adulto e especialmente para a criança, o(a) jovem, o futuro cidadão, ou futura cidadã.  

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Sobre o julgamento do mensalão - fim


Estou prometendo a mim mesmo que esta será a última vez, neste espaço, que vou tratar exclusivamente do tema o julgamento do “mensalão”. O julgamento está prestes a ter o seu desfecho, com os resultados, infelizmente, esperados, diante da campanha midiática a que foi submetido o processo. Não poderia, entretanto, deixar de tecer uns poucos comentários. Transcrevo abaixo o artigo de Marcos Coimbra, extraído do Blog de Luis Nassif, que vem ao encontro do que eu penso sobre tudo isto. Para início de conversa, devo dizer que não sou de forma alguma pela absolvição de quem quer que tenha cometido crime. O que ficou bem claro em todo este episódio é que houve uma orquestração no sentido de uma condenação, independente de provas, dos dirigentes de um partido, o dos Trabalhadores, (ou quem sabe de um governo, legitimamente constituído e vitorioso em suas ações social, econômica e diplomática). Um supremo (é em minúsculo, mesmo) que absolve Collor de Melo, por falta de provas; um supremo que concede dois, dois! Habeas Corpus, em menos de 24 horas a um acusado, pela PF, de crime do colarinho branco; um ministro de um supremo que diz ter o ex-deputado Jefferson prestado “serviços à pátria”; um supremo que argumenta que “a ilicitude da motivação dos votos “vendidos” não se transfere para o “produto”, “isto é, leis aprovadas no Congresso naquele período”; um supremo que julga o processo em causa antes de tratar do chamado mensalão do PSDB, com origem anterior àquele outro, desse supremo somente se podia esperar o que vem acontecendo.

Ficarei aguardando o desenrolar dos fatos, com a certeza de que, como desejam uns, não é desta vez que se passará a limpo toda a sujeira que remonta décadas e mais décadas na nossa política.

Autor:


Aos Amigos, Tudo...

Onde terão estado nossos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) nos últimos anos? Em que país moravam?

É fato que muitos só chegaram recentemente à Suprema Corte. E que, portanto, não seria razoável perguntar o que fizeram - e, especialmente, deixaram de fazer - no passado frente a casos e decisões que suscitam questões semelhantes às do julgamento do “mensalão”.

Como não exerciam a função, nada teriam a dizer.

Mas todos eram cidadãos e profissionais do direito com notório saber e elevada reputação. Muitos pertenciam à Magistratura ou ao Ministério Público. Alguns eram conhecidos professores. Outros tinham experiência na administração pública e no Congresso, como assessores de governos ou partidos políticos.

O que pensavam a respeito dessas matérias?

Sabemos, por exemplo, como votaram vários dos atuais integrantes do STF quando, em 2006, julgaram inconstitucional o dispositivo da Lei nº 9.054, que estabelecia uma cláusula de desempenho para os partidos políticos, limitando, na prática, o multipartidarismo caótico que temos.

Há seis anos, em seu voto, o ministro Ayres Britto foi enfático ao assinalar o prestígio que a Constituição confere aos partidos como forma de associação, sublinhando que ela tem por eles “especial apreço”. E sustentou que a Constituição assegura aos eleitos a liberdade de “escolher lideranças, participar de bancadas, atuar em blocos, participar de comissões (...)”.

Fez, portanto, a correta defesa da autonomia dos partidos e dos parlamentares.

Que diferença em relação ao voto que emitiu agora! Nesse, considerou espúria qualquer forma de coligação partidária que perdure após a eleição. Sabe-se lá com qual fundamento, condenou algo que a prática política mundial considera absolutamente normal.

Afinal, para ele, o eleito pode “atuar em blocos” ou não?

Alguns dos atuais ministros já pertenciam ao STF quando, em 1997, foi votada a Emenda Constitucional nº 16, que estabeleceu a reeleição.

Qual foi seu comportamento quando a imprensa denunciou a compra de votos de parlamentares para aprová-la? Quando conversas de deputados a respeito de valores recebidos foram gravadas e publicadas?

No caso, não se precisava elucubrar sobre se, em determinada votação, o governo comprou determinado voto. Ficava claro quem estava sendo comprado, por quanto e por quê. O beneficiário era óbvio, tinha o “domínio do fato” e a identidade do operador era inequívoca.

Algum dos atuais ministros ficou indignado? Externou sua indignação? E os que integravam o Ministério Público Federal, se manifestaram?

Se o fizeram, não ficou registro. Pelo que parece, preferiram um cauteloso silêncio. O inverso da tonitruância de hoje.

E quando votaram pela ausência de provas contra Collor? Quando consideraram que ninguém pode ser punido sem prova cabal? Estavam errados e estão certos agora, quando dispensam essa formalidade?

O que explica contradições como essas?

De uma coisa podemos estar certos: não foi em resposta aos “anseios da sociedade” que mudaram na hora de julgar o “mensalão”, ficando, subitamente, ferozes. O País sempre desejou firmeza e rigor.

Talvez alguém afirmasse “Antes tarde do que nunca!”. Mas seria muito grave se fossem apenas manifestações de um dos piores defeitos de nosso sistema jurídico: a seletividade na administração da Justiça.

Como está em outro aforismo: “Aos amigos, tudo! Aos inimigos, a lei!”.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Orwell e a “compra de votos”no mensalão


Vejamos o que Paulo Moreira Leite, na revista ÉPOCA, na revista Época,! repito, diz sobre o julgamento do “mensalão”.


Paulo Moreira Leite - Época

George Orwell ensinou a todos nós que a linguagem pode ser uma arma do conhecimento mas também pode servir à mentira. Pode encobrir a realidade e também pode desvendá-la.

Vejamos, por exemplo, por onde caminham as conclusões do julgamento do mensalão no STF. Não vou discutir as sentenças proferidas. Quero discutir a interpretação.

A principal é dizer o seguinte: está provado que houve compra de votos e que o mensalão não era, portanto, caixa 2 de campanha. Parece haver uma relação de causa entre uma coisa e outra.

Essa é a teoria desde a denúncia inicial, em 2006. Mas há um problema elementar neste raciocínio.

Não há nexo entre as coisas. Dinheiro de caixa 2 é dinheiro não registrado, sem origem declarada. Sua origem pode ser uma atividade criminosa, como tráfico de drogas, ou propina conseguida em negociações escusas com o governo.

O dentista que dá desconto no tratamento mas não dá recibo inclui-se no mundo imenso do Caixa 2.
O mesmo acontece com com uma empresa legal, que dá emprego a milhares de pessoas – e não cumpre suas obrigações com o fisco. Muitas empresas privadas têm um caixa 2 especialmente reservado para pagamentos por fora. Isso inclui, como nós sabemos, as contribuições de campanha.

A CPMI dos correios demonstrou que grandes empresas privadas deixaram mais de R$ 200 milhões com o esquema de Marcos Valério, entre 2000 e 2005. Nenhuma foi levada ao julgamento agora em pauta, aliás.

Esse dinheiro, muitas vezes, era limpo e declarado. Outras vezes, não.

Isso não muda a natureza do problema.

Quando falou que movimentava recursos “não declarados” Delubio contou uma parte da história. Tentou amenizar sua pena, o que eu acho compreensível, já que numa democracia ninguém é obrigado a se auto-incriminar, como a gente aprende em seriado americano quando a policia interroga um suspeito, certo?

Caixa 2 tem a ver com a origem. Não explica a finalidade do pagamento. Quem fala em “compra de consciências” está falando em finalidade, certo ? Embora alguns ministros tenham tido que isso era irrelevante, eu acho que tem importância, sim.

Está lá, na denúncia. Por que não tem importância?

É um ponto central do problema, quando se recorda nossa legislação eleitoral, tão favorável ao poder econômico privado.

Muito antes de Orwell denunciar o stalinismo, grande assunto de toda sua obra, adivinhar o que anda pela “consciência” dos homens intriga os filósofos e os políticos.

No auge do obscurantismo católico, até as fogueiras da inquisição ardiam para que os infiéis confessassem os pecados que lhe eram atribuídos – e não reconheciam como tais. Não comparo o julgamento à Inquisição. Mas aquela experiência terrível — e tantas outras — mostra que a consciência humana é materia muito delicada.

Às vezes tenho a impressão de que provas parecem não importar muito nos dias de hoje mas eu acho que falar em “compra de votos” implica em provar que a pessoa tinha uma convicção e mudou de ideia porque recebeu dinheiro no bolso.

Sei que isso pode acontecer. Quantos exemplos de carreirismo nós encontramos no cara que mente para subir na empresa, no puxa-saco que sorri o tempo inteiro para ter aumento e assim por diante?

Seria bobo pensar que não há pessoas assim na política. Mais. O inquérito mostrou até que o dinheiro do mensalão foi usado para pagar indenização a namorada de um político falecido. Tenho certeza de que muitos políticos fizeram desvios – quem sabe muito piores do que este.

Quem olhar as votações ocorridas no período – 2003 e 2004 — em que teria ocorrido a “compra de votos” ficará espantado em função de uma coisa. Os calendários dos pagamentos não são conclusivos. Aquilo que o ministério público alega um levantamento da defesa desmente. Na melhor das hipóteses, é um empate de provas. Mas há um elemento maior e mais decisivo.

Naquele momento, o governo Lula tinha aliados à direita e fazia uma política que, sob este critério, também estava à direita. A esquerda do PT e mesmo fora dele não cansava de denunciar o que ocorria. O PSOL preparava seu racha e, dentro do governo, personalidades de pensamento semelhante começavam a esvaziar gavetas.

O Planalto cumpria parte da agenda do PSDB, do PP, do PTB e assim por diante. Aprovou a reforma da previdência – que era uma continuação do governo FHC – e outras medidas no gênero. O primeiro ato público do governo Lula foi um protesto de 25 000 servidores na Esplanada.

O governo pagava direitinho as contas de um empréstimo no FMI e governava com os juros no céu. Achava que esse era um pacto necessário para assegurar as condições mínimas de governar, após o ambiente de colapso e pânico que o país atravessou em 2002.

Banqueiros internacionais elogiavam a política econômica.

Você acha que o Roberto Jefferson precisava de R$ 4 milhões no bolso para votar a favor de mudanças na Previdência? Ou o PL? Ou o PP?

Eu acho que não. Eles dizem que não. Eles tinham embarcado no projeto Lula, como o PL fizera antes, ao garantir até a cadeira de vice-presidente. Falaram isso ao serem ouvidos na Polícia Federal. Falaram que iriam usar o dinheiro para a atividade mais importante de todo político: preparar a próxima campanha e pagar as contas anteriores.

E se você acha que isso é feio, subdesenvolvido, cínico, saiba que está enganado. Até na Alemanha esses acordos são feitos. Os verdes deixaram a ultraesquerda para assumir um governismo perpétuo. Democratas de centro e republicanos idem adoram trocar postos no primeiro escalão de presidentes do lado oposto, nos EUA.

Se você olhar os petistas que receberam dinheiro do esquema, irá reparar que eles pertenciam ao Campo Majoritário, que sustentava a política do governo, mesmo a contragosto às vezes. (Toda luta política depois do jardim de infância inclui momentos de contragosto, certo…?)

Isso acontecia porque o financiamento de Marcos Valério e Delúbio Soares não se destinava a alimentar uma “organização criminosa,” como os bandidos que roubam automóvel ou assaltam residências.

Não há como justificar nenhum desvio, roubo ou coisa parecida. Mas não é preciso aplicar a tecnologia tão bem explicada por Orwell para acreditar que a mentira virou verdade.

A menos, claro, que você pretenda tratar a política como crime. A vantagem de quem faz isso é atingir objetivos políticos enquanto se esconde atrás da ética. A desvantagem pasra os outros é fazer o papel de bobo.

Por mais que você goste de comparar a política brasileira a uma quitanda de bairro, não se iluda. Todos partidos têm seus compromissos, prioridades e assim por diante. Caso contrário, não sobrevivem.

O PP, o PL e outros se aliaram ao governo Lula depois da Carta ao Povo Brasileiro, que levou muitos petistas para debaixo do tapete, não é mesmo?

Os partidos podem ser e são muito parecidos pelos escândalos e eu acho que já discuti isso aqui algumas vezes. (O mais divertido dessa discussão é o escandalômetro. Dados do TSE mostram que o PSDB é o campeão nacional de fichas sujas enquanto PMDB, DEM, PP vêm depois. O PT fica em 8O lugar, o que é lamentável mas não parece compatível com a fama atual, quem sabe mais um efeito George Orwell – ou seria melhor falar em Goebells?)

Mas o esquema tinha um fundo político, alimentava a política e era alimentado por ela.

É difícil negar que ao longo do tempo governos de partidos diferentes produzem resultados diferentes, como as pesquisas de distribuição de renda, desemprego e redução da miséria não se cansam de demonstrar. (Não vamos nos estender muito sobre isso, é claro…)

Estas políticas se mostraram tão diferentes que hoje em dia os mais pobres costumam votar de um jeito e os mais ricos, de outro.

Veja que aí também há quem fale em “compra de votos”, que seria a versão popular da compra de “consciências”.

É o mesmo raciocínio. No Congresso, a compra de “consciência.” No povão, a compra de votos. Num caso, o “mensalão.”Em outro, o Bolsa Família, as políticas de estimulo ao crescimento para impedir a queda no emprego, o salário mínimo…

Deixando de lado, claro, a troca de voto por dentadura e por um par de sapatos, que é expressão da miséria política em sua face mais degradante, eu acho é preciso prestar atenção nessa visão.

É uma espécie de racismo social. Explico. Ninguém fala em compra de votos quando um governo conservador dá um pontapé nos juros, enriquece a clientela do mercado financeiro – que fará o possível para assegurar a manutenção dessa política no pleito seguinte. Vozes graves e olhares sisudos chegam a elogiar o massacre social que estamos assistindo na Europa, hoje em dia – da mesma foram que apoiaram a sangria dos países do Terceiro Mundo décadas atrás. Considera-se que essa é uma visão legítima no debate econômico.

Mas quando um governo procura beneficiar os interesses dos pobres e indefesos, está fazendo compra de votos. Curioso, não?

E é mais curioso ainda quando alguém tem o mau gosto de lembrar que outro escândalo, igualzinho, e mais antigo, foi conveniente retirado das manchetes e da televisão.

Estou falando, claro, do mensalão tucano que, em nova homenagem a Orwell, é chamado de “mineiro”, o que é uma ofensa a um estado inteiro. O mensalão, vá lá, PSDB-MG, ficou para as calendas, embora seja quatro anos mais antigo.

Considerando as eleições para prefeito, neste domingo, e as sentenças que nos aguardam, é impossível deixar de reparar na coincidência e deixar de perguntar: quem está “comprando consciências”?

 

sábado, 29 de setembro de 2012

Carta Capital, Lula, FHC, etc.


Reproduzo da Carta Capital, única “voz” semanal a fazer contraponto a toda esta massiva campanha de difamação, de descrédito para o legítimo e, muito bem aprovado pela população em geral, governo do Partido dos Trabalhadores, o texto da inteligente e objetiva lavra de Mino Carta, jornalista que se notabiliza pelo real exercício do jornalismo, aquele que diz que somente no Brasil empresários da imprensa são “colegas” e não patrões de jornalistas.

No artigo a seguir, exalta-se a satisfação dos brasileiros, em pesquisa de opinião, por órgão internacional, decorrente do avanço social com as políticas públicas dos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff; discorre sobre a submissão do governo FHC ao neoliberalismo e suas desastrosas consequências para o país; a compra de votos, esta, sim! Devidamente comprovada (confissão de um deputado comprado) para a reeleição de FHC. Façamos, pois, a reflexão necessária com os termos seguintes, porque pela grande imprensa nada foi divulgado.
O Pew Research Center ao longo de um ano levou adiante uma pesquisa que entrevistou dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo para averiguar quem, nos últimos cinco anos, melhorou de vida, piorou ou ficou na mesma. Setenta e dois por cento dos brasileiros dizem ter melhorado, 16% pioraram, 12% estacionaram.

Eis o resultado mais alvissareiro de toda a pesquisa, a se levar em conta que, colocados em segundo lugar, 70% dos chineses declaram progresso. Parece lógico que os emergentes apresentem resultados positivos, bem ao contrário dos países do chamado Primeiro Mundo, atingidos em cheio pela crise econômica, a punir sobretudo os adoradores do deus mercado, versão atualizada do bezerro de ouro.


Uma análise isenta dirá que, no caso do Brasil, o inegável avanço se dá graças às políticas sociais dos oito anos do governo Lula, de continuidade assegurada por Dilma Rousseff. Com isso, CartaCapital ganha motivos validíssimos para entender ter acertado ao apoiar com empenho igual as candidaturas à Presidência tanto daquele quanto desta. Há outras razões, está claro, assim como houve para críticas negativas a ações governistas, condenáveis do nosso ponto de vista.


Inevitável, de todo modo, o confronto com os oito anos anteriores do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, aquele que, apesar do Real, moeda benéfica, quebrou o País duas vezes, transformou a operação das privatizações em uma bandalheira sem conta, urdiu mais de um “mensalão”, confirmou a condição satelitar do Brasil em relação aos Estados Unidos, aderiu passivamente ao Consenso de Washington e caiu na rede neoliberal. Ao vencer as eleições de 2002, Lula herdou um país à deriva, e isto é verdade ­factual. Não é por acaso que o PSDB, nascido da costela do PMDB comprometido pelos Cruzados 1 e 2, se tornou bastião da pior direita, enquanto pretendia firmar-se à esquerda.


Nos seus 18 anos de vida, gastos com a intenção de viver muitos e muitos mais, CartaCapital atravessou uma quadra historicamente decisiva. Sua terceira capa, primeiros dias de outubro de 1994, trazia o perfil de FHC e uma longa entrevista do novo presidente, a primeira na condição de recém-eleito, concedida ao acima assinado. De verdade, acontecera antes da eleição, mas, com a certeza absoluta da vitória tucana, saiu como se tivesse sido rea­lizada logo após o pleito, com a aprovação e alguns retoques do próprio FHC.


Recordo aquele encontro no apartamento senatorial do ministro desincompatibilizado, em Brasília. Comecei com uma pergunta a respeito de uma visita de Jean-Paul Sartre ao Brasil em 1962, ocasião em que o jovem sociólogo foi um dos seus guias pelo estado de São Paulo. Observei: “Então você era vermelhinho”. “Já combinava Marx com Weber”, respondeu prontamente. “Espera aí – disse eu –, no prefácio do seu primeiro livro, lançado em 62, você escreveu ter aplicado ali o método dialético-marxista…” Ele agradeceu pela lembrança, e logo sublinhou: “Na segunda edição retirei a referência”.


Mais adiante ele defenderia a ideia de que um governante não pode mentir, embora seja admissível omitir, conforme as circunstâncias. Pragmatismo, pragmatismo… Não sei como catalogar o segundo capítulo da presidência fernandista que principia com a campanha à reeleição, a prometer estabilidade a todo custo, e se encerra com a desvalorização do real exatos 12 dias após a posse para o segundo mandato. Até o doutor Roberto Marinho, nosso colega como asseveravam seus empregados e confirmou a atual ministra Marta quando prefeita de São Paulo, ficou endividado por ter acreditado na sua colunista Miriam Leitão, sanfoneira (ou violinista?) de FHC durante a campanha. E ad aeternitatem.


Derrotados os tucanos, o que inquietou CartaCapital foi o comportamento da facção petista pronta a reeditar artimanhas e mazelas previamente excogitadas por Serjão Motta na confecção de um plano de poder de longo prazo. Longuíssimo. E inquietaram coisas e situação mais. Em uma das capas imediatamente seguintes à posse de Lula para o primeiro mandato, diante da nomeação de Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central, perguntávamos: “Banqueiro do povo?”


Não foi o único ministro a despertar nossas dúvidas ao longo dos dois mandatos de Lula: José Dirceu, Palocci, Márcio Thomaz Bastos, Nelson Jobim, Tarso Genro, na estulta defesa de Cesare Battisti, ladrãozinho do arrabalde e assassino por oportunismo. Da mesma forma, lamentamos a chegada dos transgênicos, o contubérnio com Ricardo Teixeira em razão do próximo Mundial de Futebol, o enterro da Satiagraha e o desterro do honrado delegado Paulo Lacerda. Há um aspecto até hoje inexplicável para nós, a leniência em relação a Daniel Dantas, na nossa opinião o maior vilão nativo, envolvido em todos os escândalos eclodidos nestes últimos 18 anos.


Pretendemos ser coerentes com a prática do jornalismo honesto, de sorte que não arrefeceremos em busca de respostas às nossas dúvidas e perplexidades, e nas críticas, apoios e endossos, em conformidade com os eventos. Em relação à política exterior praticada a partir de 2003 só cabe o louvor irrestrito a quem soube tirar o Brasil do quintal de Tio Sam, ou a quem persegue a política social da inclusão, ou uma política econômica que tende a abjurar a religião do deus mercado.


CartaCapital começou como mensal, progrediu para quinzenal em março de 1996, tornou-se semanal em agosto de 2001. No confronto com a mídia nativa, estamos do lado oposto, juntamente com algumas vozes isoladas a se manifestarem em papel impresso e pela internet. O simples fato de exercer o jornalismo honesto sem detrimento das opiniões ditadas pelo nosso espírito crítico e pela nossa visão da vida e do mundo, nos distingue brutalmente dos arautos do pensamento único, representantes e intérpretes da casa-grande. Para eles, isenção autêntica é própria de uma imprensa “chapa-branca”. À luz da verdade factual, chapa-branca é a mídia nativa, de um poder medieval.


Nesta resistência do passado residem todos os males do Brasil, destinado a um notável futuro em primeiro lugar pelos ­desígnios da natureza contra a vontade de quem mandou, a pretensa elite, do atraso, é bom acentuar. “Eles querem um País de 20 milhões de habitantes e uma democracia sem povo”, dizia Raymundo Faoro, que não me canso de recordar, e evocar em proveito dos leitores de CartaCapital. Acreditamos que de dez anos para cá ­cresceu o número de quem deseja um Brasil para todos os brasileiros, e este é pecado aos olhos de quantos se movem ao sabor da prepotência, da arrogância, do preconceito, da ignorância e do medo.


O caminho está traçado com ­extrema nitidez. Partam de uma reflexão isenta dos resultados da pesquisa do Pew ­Research Center.