segunda-feira, 10 de outubro de 2011

LULA INÁCIO DA SILVA E SATURNINO BRAGA

Saturnino Braga
É verdade. Já havia esquecido de Saturnino Braga. Vejam só o que acontece com as pessoas que “saem da mídia”. Tive uma admiração muito grande por esse político, aliás, ex-político. Mas a imagem que ele deixou indelevelmente foi a de ter “falido” a cidade do Rio de Janeiro. (Um pouco de História: ele assumiu a prefeitura do Rio de Janeiro, como candidato das esquerdas e, ao ter conhecimento da real situação financeira falimentar do lindo e rico município, decretou a sua falência). Leva consigo esta pecha para o resto de sua vida.
Mas eis que aparece em uma entrevista na Carta Capital, da semana passada, e é sobre o que ali se diz que vou transcrever e comentar alguma coisa.
Bem, antes de tudo, é de se dizer que o nosso personagem abandonou a política e abraçou a literatura, com a seguinte explicação: “a política suga a felicidade”. Diz de sua geração de políticos, que assumiu o Senado Federal, fazendo parte dos candidatos do antigo MDB que, em 22 estados, venceram em 16, em plena “ditabranda” (o “Rio Centro” que o diga). E explica que seu abandono à política (além da frase já cunhada acima) se deu por causa de que “o nível baixou muito”. Diz ele ainda que sempre foi um vencido (diante do que é perguntado pelo entrevistador em face das declarações do personagem do seu recém lançado livro (Cartas ao Rio), “uma trama intimista com tintas autobiográficas”) e que “só passei a ser vencedor a partir do Lula, em 2002”. Ainda, sobre a falência do Rio, ele diz que não fez nada mais do que “decretar uma verdade que estava escondida”, até que a Constituição de 1988 “restabeleceu as receitas municipais, entrando em vigor em janeiro de 1989...” justamente quando encerrou seu mandato e, quando seu sucessor assumiu, “as receitas do Rio triplicaram em valor real” e “Marcelo Alencar tirou o Rio da falência”.
Encerrando, quero dizer da satisfação de ver vivo, mais do que nunca, um ícone da democracia, progressista da minha geração.

Lula outra vez “doutor”
Um tal de um deputado do DEM (será há algo a ver com o demônio) deve estar se relando nas ostras. Ele que, quando o ex-presidente metalúrgico recebeu comenda da universidade de Coimbra, cuspiu maribondos e, em carta, pediu a anulação da referida homenagem ao respectivo reitor, pode estar agora “pedindo a morte”. Não é que o “cabeça chata”, o “baiano”, recebeu o diploma (um a mais para sua coleção) Honoris Causa da Science Po.
Não só o obscuro deputado (da criação ACM), mas “os correspondentes da mídia nativa em Paris exibem-se no useiro show de ódio de classe”.
Como que para abrandar, para exaltar a Democracia, o ex-presidente metalúrgico atribui o mérito “ao povo brasileiro que vive um momento histórico de plenitude democrática ao provar que tem um lugar  importante a ocupar no mundo” e que pode eleger governantes que querem “governar para todos e não apenas para 30% da população, como se fazia antes”.
Há que se registrar que “Alguns dias antes da atribuição do prêmio, Richard Descoings, diretor do Sciences Po, recebera a imprensa de sorte a oferecer aos representantes da mídia nativa a oportunidade de exibir o onipresente preconceito de classe. A correspondente do jornal O GLOBO perguntou por que dar um prêmio ao presidente Lula e não ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Outro jornalista atacou: “Por que premiar quem tolerou a corrupção?” Alguém quis saber por que distinguir alguém que chamou Kaddafi de irmão, ou que jamais leu um livro....Desccoings divertiu-se em ironias variadas.”
Encerro com a frase de encerramento da reportagem: “Assim, Lula, agora, silêncio, por favor. Os da casa-grande estão bravos”.
 PENSAMENTOS
"...entre povos primitivos, é sobretudo o terror que cria noções religiosas - medo de fome, de animais selvagens, de doenças e da morte". (Hernert Rohden - "O enigma do Universo").