quinta-feira, 31 de março de 2011

LULA É "DOUTOR HONORIS CAUSA" DE COIMBRA

O TÍTULO DE “DOUTOR HONORIS CAUSA” CONCEDIDO A LULA POR UMA DAS MAIS FAMOSAS UNIVERSIDADES DO MUNDO

Meus amigos,
Eu evito, de todo modo, tratar de política, dessa política partidária-eleitoral, cotidianamente veiculada e exercida pelos órgãos da imprensa, pois não quero fazer daqui um espaço para tais discussões, mas o que vai a seguir, obtido no blog de Luis Nassif, é demais e não poderia deixar passar em branco. Parte de um certo político, fracassado, (não conseguiu eleger-se), do DEM e da Bahia. Numa manifestação de completo ressentimento, o Sr. Aleluia, eu não deveria nem citá-lo, dirige-se ao reitor da Universidade para protestar contra  a concessão do título de “doutor honoris causa”. Que lástima!
nassif, não bastasse o bolsonaro veja só a petulância desse politico derrotado.
http://www.conversaafiada.com.br/cultura/2011/03/31/politico-derrotado-na-bahia-corta-o-pulso-com-lula-em-coimbra/

Stanley Burburinho oferece ao amigo navegante a seguinte informação, obtida numa unidade de pronto socorro: um homem alto, de uns 60 anos presumivelmente, bem vestido (mas com o hábito de tirar os sapatos no avião), de voz alta e uma certa arrogância cortou os pulsos de forma severa:
Aleluia do DEM envia carta ao reitor de Coimbra contestando título de Doutor a Lula
“CARTA ABERTA AO PROF.JOÃO GABRIEL SILVA,
MAGNÍFICO REITOR DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
José Carlos Aleluia, professor universitário, Membro da Comissão Executiva do Democratas e Presidente da Fundação Liberdade e Cidadania
Na condição de professor universitário venho perante Vossa Excelência manifestar a minha perplexidade — e porque não dizê-lo–, indignação, diante da concessão do título de doutor honoris causa, pela instituição que ora Vossa Excelência representa, ao ex-Presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
Tomando como referência o significado que tem, para nós brasileiros, a Universidade de Coimbra, entendo que a iniciativa destoa aberta e completamente de toda a sua tradição. Aprendemos que as personalidades que lideraram o processo da Independência e que assumiram os destinos do novo país –a começar do Patriarca, José Bonifácio– formaram seu espírito na Universidade de Coimbra. Aplaudimos com entusiasmo a concessão daquele título a ilustres representantes da contemporânea cultura brasileira, a exemplo do saudoso Miguel Reale. Em eventuais excursões a Portugal, todo membro da comunidade acadêmica brasileira sente-se no dever de conhecer a instituição que consideramos parte integrante de nossa história.
A concessão do mencionado título contraria frontalmente toda a idéia que nós fizemos da Universidade de Coimbra pelo fato, sobejamente conhecido, de que o ex-Presidente sempre se vangloriou de não haver freqüentado qualquer curso. Insistentemente, perante a nossa juventude, buscou inculcar a noção de que o sucesso pessoal independe de qualquer esforço no sentido de aprimorar o conhecimento. E, sobretudo, por uma administração desastrosa em matéria educacional.
http://www.josecarlosaleluia.com.br/website/?a=11&cod=38212
http://www.conversaafiada.com.br/wp-content/uploads/2010/04/Navalha_txt.jpg); margin-top: 45px; background-position: center top; height: 75px;">

NESTE ESPAÇO ESTARIA UMA FIGURA QUE NÃO FOI RECUPERADA)

Em 2002, havia 43 universidade.
Hoje são 57 universidades federais.
O governo Lula foi o que mais fez pela educação superior e bateu um recorde do governo Kubitschek, que criou dez universidades federais.
O Farol de Alexandria não pôs no lugar um único tijolo numa única universidade.
Seu Ministro, Paulo Renato, o Rei da Privatização, especializou-se em fortalecer as universidades privadas.
O Di Gênio é fã do Paulo Renato.
Sobre as escolas técnicas.
Com o Nunca Dantes, se investiu mais em educação profissional e básica também: superou o governo Itamar, que construiu 27 unidades de escolas técnicas.
No governo Lula, foram 214 novas unidades, dez vezes mais que o recorde

sexta-feira, 25 de março de 2011

UMA EMPREGADA DOMÉSTICA NO TST

Todos esses tipos de exemplos me comovem e me criam a obrigação de divulgá-los. Atenção, muita atenção para a história que se segue. Uma moça de origem rural, (interior do Estado de Goiás), foi para uma cidade maior a fim de estudar, até contra a vontade do pai. Lá, para custear seus estudos, teve que trabalhar como empregada doméstica. Estudou, formou-se, militou na advocacia trabalhista e hoje é ministra do Tribunal Superior do Trabalho. É, portanto, exemplo de perseverança, desprendimento, de intrepidez frente às enormes dificuldades para se romperem os malignos grilhões que prendem e separam classes sócio-econômicas e que criam injustiça social aqui e acolá.
Vejamos, a história, extraída do Blog de Luis Nassif.
24/03/2011. Nova ministra do TST traz experiência de movimentos sociais
Ao tomar posse na tarde de hoje (24/3) no Tribunal Superior do Trabalho (TST), a ministra Delaíde Alves Miranda Arantes passa a fazer parte do Tribunal Superior com o maior número de mulheres em sua composição. Com trajetória combativa, acredita que os 30 anos de militância como advogada na seara trabalhista e a participação em movimentos sociais serão importantes ferramentas para o exercício da magistratura. Sua história de vida inclui o trabalho como empregada doméstica para custeio dos estudos, e uma firme disposição de se entregar à prestação jurisdicional com a mesma garra, e felicidade, com que se entregou a todas as atividades que realizou em sua vida. Confira a entrevista realizada com mais nova integrante do órgão de cúpula da Justiça do Trabalho. 
A senhora poderia descrever como um programa de incentivo a jovens da zona rural ajudou-a a ampliar suas perspectivas?
Foi uma experiência muito interessante. Eu tinha 13 para 14 anos, e meu pai tinha uma avaliação de que não poderia levar os filhos para a escola, para estudarem. Somos nove irmãos, e ele já se preparava para colocar os filhos na zona rural mesmo. Aí surgiu um programa estadual, o 4E, que apresentava palestras, mostrava os direitos das pessoas, ensinava os valores dos nutrientes. Era um programa multidisciplinar, e nós começamos a participar. Havia um incentivo muito grande dos extensionistas, que eram os líderes, para que nosso pai nos levasse para estudar.
Quando eu tinha 14 anos, aconteceu um congresso no Rio de Janeiro, e o prefeito da cidade teve que intervir porque meu pai não queria me deixar ir de jeito nenhum. Eu não conhecia a capital do meu estado (Goiás), imagina ir ao Rio de Janeiro. O congresso foi no Colégio Batista da Tijuca, no Rio de Janeiro, com representantes de 14 países e 21 estados do Brasil. E eu lá, uma moradora da zona rural, com 14 anos de idade, no palanque, fazendo discurso. A única coisa que eu defendia naquela época era que deveria ter uma faculdade no meio rural.
Tudo isso incentivou papai a mudar para a cidade, Pontalina, para que pudéssemos estudar. 
Foi dessa época sua experiência como empregada doméstica?
Cidade pequena tem poucas oportunidades de trabalho. Trabalhei como doméstica em duas ocasiões: em Pontalina, por ocasião da minha mudança, e depois, em Goiânia, pelo mesma razão, que era custear meus estudos. 
Qual a expectativa da senhora na véspera de assumir o cargo de ministra do Tribunal Superior do Trabalho?
Eu considero que estou no TST por aquilo que é o objetivo do quinto constitucional: a experiência do campo, a experiência da advocacia, a experiência de ter trabalhado como doméstica, de ter morado no meio rural. Eu não trago a experiência somente da advogada trabalhista, mas de tudo o que vivenciei. 
Existe algum tema dentro do TST que a senhora considere mais relevante, que a atraia mais?
Eu considero o papel do TST junto à sociedade muito relevante, não tenho uma preferência específica por tema. Sinto-me honrada por fazer parte do órgão máximo da Justiça do Trabalho. Estou me esforçando para que a Justiça do Trabalho se torne cada vez mais célere e que o TST se aproxime cada vez mais da sociedade. 
Como o TST pode contribuir hoje com a modernização das relações de trabalho e as novas tecnologias?
O direito é dinâmico. A Justiça do Trabalho lida com o direito do trabalho e com o direito processual do trabalho. O julgador atua a partir da compreensão de que o direito e a sociedade são muito dinâmicos. Quanto aos mecanismos modernos, é preciso que observem as garantias fundamentais, o direito mínimo a ser assegurado ao trabalhador. 
A senhora se considera militante na causa feminista?
Na verdade, há um limite tênue entre as nossas causas e a causa feminista. Sou vice-presidente da Associação Brasileira das Mulheres da Carreira Jurídica e também faço parte do Conselho Estadual da Mulher, em Goiânia. 
A senhora acha que a representatividade da mulher nos órgãos de cúpula é ainda pequena?
O TST é hoje o Tribunal Superior com o maior número de mulheres na sua composição. Somos seis. Essa representação vem crescendo, embora ainda seja incipiente. Tem, inclusive, uma campanha da Secretaria Nacional da Mulher que se intitula: “Mais Mulher no Poder”. Eu assumo está bandeira. Mas as mulheres não desistem nunca (risos).
  


quarta-feira, 16 de março de 2011

A Publicidade da Cerveja

Sempre me intrigou o fato da permissividade da sociedade em geral para com a maciça e massificante publicidade de cerveja. Quando, a exemplo de cigarros, (permitida somente à alta noite), quer a arte (?) publicitária relacionar o consumo de cerveja com saúde, juventude, beleza, poder de sedução, talento, especialmente, para esportes... É aquela profusão do lindo, amarelo ouro, líquido a exalar-se "redondamente" para "todos por uma e uma para todos". Sempre me intrigou o fato pela razão de essas "artes publicitárias" terem o seu encerramento com uma hipócrita frase: beba com moderação, (de uma forma bem discreta, quase inaudível) como se quisesse, se quisesse, repito, negar toda aquela apologia ao consumo desenfreado que a mensagem encerra. Esclarecendo, de antemão, que nada tenho de abstêmio, portanto, nada de rabugice com relação à cerveja. Este meu comentário visa introduzir a divulgação do que segue, pois concordo plenamente com o parlamentar que quer restringir propaganda de cerveja.

Por raquel
12/03/2011 - 07h00
Do Congresso em Foco
Deputado quer restringir propaganda de cerveja
Para Paulo Pimenta, aumento do número de acidentes fatais de trânsito durante o carnaval está diretamente relacionado com o consumo de bebida alcoólica. Daí, para ele, a necessidade de reduzir anúncios. Paulo Pimenta proporá restrição de propaganda de cerveja como forma de diminuir acidentes de trânsito
O número de mortes no trânsito em rodovias federais no Brasil aumentou em 47,9% neste carnaval se comparado ao mesmo período no ano passado.  Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal, 213 pessoas morreram no trânsito e 4.165 acidentes foram registrados.  Os altos índices de morte nas estradas, todos os anos, revelam que o Brasil não tem conseguido avançar na redução de acidentes no trânsito. E o que fazer para reduzir essas tragédias?
O álcool é considerado um dos maiores vilões do trânsito. Uma solução apontada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para diminuir o número de vítimas nas estradas é reduzir o marketing de bebidas alcoólicas. Restringir propagandas de bebidas na TV e outras mídias é, segundo a organização, uma estratégia eficaz para combater os efeitos nocivos causados pelo incentivo ao consumo de bebidas.
Nesse sentido, na próxima semana, será protocolado na Câmara um projeto de lei para restringir a publicidade de cerveja e chope no Brasil. A proposta – que deve enfrentar um forte resistência por parte da indústria do setor e do mercado publicitário – propõe incluir na Lei 9.294/96 (que dispõe sobre restrições à propaganda de cigarros e bebidas como cachaça, vodka e uísque) restrições para propagandas de bebidas com teor alcoólico inferior a 0,5 graus.
“A restrição da publicidade de bebidas alcoólicas é a medida mais eficaz apontada pela OMS para reduzir o índice de mortalidade de jovens no trânsito. No Brasil, 75% dos acidentes fatais de trânsito estão associados ao uso de álcool. Hoje, 85% do mercado de bebidas no Brasil é a cerveja. Não tem porque não restringir a propaganda de cerveja”, afirmou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), autor da proposta que será apresentada na próxima semana.
As cervejas têm, em sua maioria, teor alcoólico em torno de 5%. Se aprovada, a proposta, entre outras coisas, proibirá a propaganda de cerveja nas emissoras de rádio e televisão no horário das 6h às 21h. O projeto também obriga que sejam publicadas junto com a divulgação do projeto advertências sobre o consumo abusivo de cerveja.
Veja as restrições previstas na Lei 9.294/96
De acordo com a Constituição, em seu art. 22, inciso 29, somente o Congresso pode impor restrições ou legislar sobre a publicidade. O art. 220 da mesma norma estabelece que compete à lei federal estabelecer meios legais à pessoa e à família para que possam se defender de programas e propagandas que possam ser nocivos à saúde. O artigo estabelece ainda que a propaganda comercial de tabaco e bebidas alcoólicas está sujeita a restrições legais.
Segundo Pimenta, tramitam na Câmara cerca de 40 projetos que dispõem sobre restrição de propagandas de bebidas alcoólicas. Entre eles, o PL 2.733/2008, de autoria do Executivo, que tramita apensado ao PL 4.846/1994. A proposta, que tem texto semelhante ao do projeto de Paulo Pimenta, está parada no Congresso há quase três anos. “Precisa de uma decisão do colégio de líderes e colocar o tema na ordem do dia. Tem que ter essa decisão política. Para isso precisa ter pressão”, defendeu Pimenta.
Crônica da morte anunciada
Na tribuna da Câmara nesta semana, Pimenta criticou a posição da mídia que, ao analisar a violência no trânsito, não estabelece conexão com a publicidade de bebidas alcoólicas. “Mostrei, por exemplo, o editorial de um jornal, que falava que a violência nas estradas é tragédia nacional, e na mesma página tinha uma propaganda de cerveja e uma propaganda de carro. Exatamente a combinação principal responsável pelo aumento no número de morte no trânsito. É uma crônica da morte anunciada”, criticou.
Segundo a OMS, por ano, cerca de 2,2 milhões de mortes prematuras ocorrem por causa do uso de álcool. De acordo com o estudo da organização, a redução do impacto do marketing, sobretudo entre os jovens e adolescentes, reduz o uso nocivo do álcool. O organismo internacional  argumenta que “o álcool se comercializa mediante técnicas publicitárias e de promoção cada vez mais sofisticadas, que vinculam, por exemplo, marcas de álcool a atividades desportivas e culturais”.
“Essa orientação da OMS foi assinada por 193 países, sendo que o Brasil foi signatário. Não há como o Congresso ignorar essa medida”, diz Pimenta. O parlamentar relembra que, em 1996, quando foi votada a lei para restringir a publicidade do cigarro, uma forte pressão da indústria da cerveja alterou o artigo da lei, mantendo restrição para propagandas apenas para bebidas com teor alcoólico acima de 13 graus Gay Lussac (unidade de medida que quantifica o nível de álcool na bebida).
Em 2003, uma nova tentativa de incluir na legislação brasileira restrições à propaganda de cerveja também foi feita. Na época, artistas, atores de TV, esportistas, cantores e outros representantes da sociedade ocuparam o Salão Verde da Câmara para pressionar contra a medida. O setor da publicidade e a indústria da cerveja consideram que medidas para regularem anúncios de bebidas alcoólicas “ferem a liberdade de expressão”.

terça-feira, 15 de março de 2011

Curvemo-nos a Uma Pequena Nação Africana

De um minúsculo país do continente vem um exemplo mais que edificante e logo de um continente arrazado por toda a sorte de infortúnios: guerras, dominação pelas potências européias, escravidão, fome, miséria, subnutrição, aids e outras doenças, é a notícia que segue abaixo e que, realmente, é de se louvar com todas as honras o malauíno (será que é assim seu gentílico?) William Kamkwamba, rapaz paupérrimo, quase um auto-didata, de 22 anos, que soube usar seu gênio para tirar sua família da miséria com uma invenção e que se predispõe a continuar estudando para retornar ao seu país e melhorar a vidas dos seus conterrâneos. É exemplo indubitável de que o intelecto desenvolvido não é exclusividade dos concentradores da renda, dos dominadores, das elites. Fico realmente emocionado em saber que há pessoas deste quilate, pessoas que somente confirmam a inexistência de superioridade entre raças. Segue a reportagem. Ah!, ia esquecendo o material foi obtido no blog de Luis Nassif e uma explicação: na entrevista, William fala em fazendeiro, ou assim traduziram, acho eu, querendo dizer agricultor.

Da Revista Galileu
Com dois livros de física elementar, um monte de lixo e a energia eólica, jovem abastece lâmpadas e celulares em sua vila no interior da África
FORÇA AÉREA: William Kamkwamba mostra a instalação que carrega celulares e acende luzes em Malauí, na África
Escondido entre Zâmbia,Tanzânia e Moçambique, o Malauí é um país ruralcom15 milhões de habitantes. A três horas de carro da capital Lilongwe, a vila de Wimbe vê um garoto de 14 anos juntando entulho e madeira perto de casa. Até aí, novidade nenhuma para os moradores. A aparente brincadeira fica séria quando, dois meses depois, o menino ergue uma torre de cinco metros de altura. Roda de bicicleta, peças de trator e canos de plástico se conectam no alto da estrutura e, de repente, o vento gira as pás. Ele conecta um fio, e uma lâmpada é acesa. O menino acaba de criar eletricidade.
O menino e a importância de suas descobertas cresceram. William Kamkwamba, agora com 22 anos, já foi convidado para talk shows, deu palestras no Fórum Econômico Mundial, tem site oficial, uma autobiografia - The Boy Who Harnessed the Wind (O Menino que Domou o Vento, ainda inédito no Brasil) - e um documentário a caminho. O pontapé de tamanho sucesso se deve a uma junção de miséria, dedicação, senso de oportunidade e uma oferta generosa de lixo.

EM TERMOS DE GERAÇÃO e consumo de energia elétrica, o Malauí é o 138º país do mundo

Uma seca terrível no ano 2000 deixou grande parte da população do Malauí em situação desesperadora. Com as colheitas reduzidas drasticamente, as pessoas começaram a passar fome. "Meus familiares e vizinhos foram forçados a cavar o chão pra achar raízes, cascas de banana ou qualquer outra coisa pra forrar o estômago", diz Kamkwamba. A miséria o impediu de continuar na escola, que exigia a taxa anual de US$ 80. Se seguisse a lógica que vitima muitos rapazes na mesma situação, o destino dele estava definido: "Se você não está na escola, vai virar um fazendeiro. E um fazendeiro não controla a própria vida; ele depende do sol e da chuva, do preço da semente e do fertilizante", diz Kamkwamba.
Para escapar dessa sentença, começou a frequentar uma biblioteca comunitária a 2 km de sua casa. No meio de três estantes com livros doados pelo Reino Unido, EUA, Zâmbia e Zimbábue, Kamkwamba encontrou obras de ciências. Em particular, duas de física. A primeira explicava como funcionam motores e geradores. "Eu não entendia inglês muito bem, então associava palavras e imagens e aprendi física básica." O outro livro se chamava Usando Energia, tinha moinhos na capa e afirmava que eles podiam bombear água e gerar eletricidade. "Bombear um poço significava irrigar, e meu pai podia ter duas colheitas por ano. Nunca mais passaríamos fome! Então decidi construir um daqueles moinhos."
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/1,,EDG87250-8489,00.htmL
ENTREVISTA
Conversamos com William Kamkwamba, o menino africano que construiu um moinho com lixo e dois livros de física
 * Conte-me um pouco sobre você, William. Quando você nasceu, onde foi, como é sua família?
Nasci em 5 de agosto de 1987 em Dowa, no Malauí. Moro com seis irmãs, meu pai e minha mãe. Em uma família de garotas, você pode imaginar os problemas por que passei. Na escola, os garotos sempre implicavam comigo porque eu não tinha um irmão mais velho que me protegesse. De qualquer jeito, sobrevivi.
* Como é sua vida na vila onde mora, como são as condições de água, eletricidade...?
Moro na vila de Wimbe. É um lugar pequeno com uma grande estrada empoeirada e algumas lojas. Chamamos de Centro de Comércio. Há o barbeiro, o soldador, vários armazéns que vendem roupas e uma loja Farmer’s World, onde meu pai compra milho para plantar e fertilizante. Seguindo essa estrada, há a minha vizinhança, Masitala. A cidade grande mais próxima é Kasungu, com muitos habitantes, um grande supermercado e várias lojas. Para chegar até lá, tem que ir de carona, espremido por uma hora na caçamba de um caminhão. Só 2% da população rural do Malauí tem eletricidade e isso é um grande problema. E antes de eu conseguir perfurar um poço e providenciar água limpa para minha família, não havia água corrente por quase 100 km.
* Em 2000, o Malauí passou por uma seca terrível. Foi por isso que você teve de deixar a escola em 2002?
Sim. Essa seca fez faltar alimento em todo o país. Ninguém conseguia plantar o suficiente para comer. As pessoas começaram a passar fome. Muitos moradores aqui perto de Wimbe morreram de inanição. Causou a morte de mais de 10 mil malauianos. Meus vizinhos e minha família fomos forçados a cavar o solo para achar raízes e cascas de banana, qualquer coisa para forrar o estômago. A taxa para minha escola era 80 dólares por ano. Por causa da situação, meu pai não conseguia pagar, tive que para de estudar com 14 anos.
* Como você se sentiu por estar fora da escola?
Era bem ruim. Se você não está estudando, quer dizer que vai ser fazendeiro. Eles não controlam a própria vida; dependem do sol, da chuva, do preço das sementes e do fertilizante. Quando saí da escola, olhei meu pai, aqueles campos ressecados e vi o resto de minha vida. Era um futuro que não podia aceitar.
* Foi aí que você começou a frequentar uma biblioteca perto da sua casa?
Sim. Era um lugar bem pequeno dentro de minha escola primária, a uns dois km de casa. Eu geralmente caminhava, ou ia de bicicleta. A biblioteca tinha três estantes cheias de livros doados pelos EUA, Reino Unido, Zâmbia e Zimbábue. Fui com a esperança de estudar por conta própria, para ficar no mesmo nível dos amigos que continuaram na escola. Comecei a ler livros de ciência, e isso mudou minha vida.
* Você construiu um moinho de vento a partir das explicações de um livro, sem nunca ter visto um. Como foi isso, e para que você queria um moinho?
No livro, “Explaining Physics”, entendi como funcionavam motores e geradores. Não lia inglês muito bem. Usei diagramas e fotos para associar as palavras, e assim aprender física básica. O outro livro que li chamava-se “Using energy”, tinha uma foto de um moinho de vento na capa. Dizia que moinhos podem bombear água e gerar eletricidade. Meu pai poderia irrigar a plantação, aumentar a colheita e nós nunca mais passaríamos fome! Por isso decidi construir um moinho. Não havia instruções, mas sabia que se um homem havia construído no livro, eu também conseguiria.
* Como você fez para arranjar as peças? Quanto tempo levou?
Fui a um ferro-velho perto de casa e encontrei vários pedaços de metal e uns canos de plástico. Mas vi que não tinha todas as peças para uma bomba-d’água, então procurei fazer um moinho que gerasse eletricidade. Quando me viam carregando os ferros, as pessoas achavam que eu estava louco. Me provocavam e diziam que eu estava fumando maconha. Mas não deixei que isso me incomodasse. Continuei. Meu primo, Geoffrey, e outro amigo, Gilbert, me ajudaram a construir. Ficou pronto em dois meses. Quando o vi funcionando, fiquei muito feliz. Finalmente as pessoas sabiam que eu não estava louco.
* Quanta energia gerava o moinho?
O gerador do moinho era um dínamo de bicicleta, produzia 12 volts. Era suficiente para acender uma lâmpada. Mais tarde, meu primo achou uma bateria de carro na estrada. Demos uma carga nela, e conseguimos energia para manter quatro lâmpadas e dois rádios. As pessoas faziam fila para carregar seus celulares. Os celulares estão em todo o lugar na África porque são baratos. Há poucos lugares onde a eletricidade chega - geralmente nos arredores das empresas estatais de tabaco - e algumas lojas cobram para as pessoas carregarem os celulares. Comigo era grátis.
* Depois que sua história se espalhou, você voltou a estudar. Como estão seus estudos?
Depois que eu fui à conferência do TED [organização sem fins lucrativos que promove conferências anuais para divulgar boas ideias] em Arusha, na Tanzânia, algumas pessoas se aproximaram e me ofereceram ajuda para voltar à escola. Primeiro frequentei um colégio cristão na capital. Agora estudo em Johannesburgo, na África do Sul, na African Leadership Academy, uma escola que pretende treinar a próxima geração de líderes do continente. Há 200 estudantes de 42 países diferentes da África.
* Agora que você viu que seu moinho não só ajudou sua família, mas gerou esperança em cima de energia elétrica e renovável, quais são seus próximos planos?
Depois de fazer faculdade, talvez nos EUA, quero voltar ao Malauí e descobrir maneiras de produzir energia barata e renovável nas vilas. Quero construir bombas-d’água de baixo custo e que possam ser operadas facilmente. E também colocar um moinho de vento em cada cidade do Malauí. Quando a companhia estatal de telefones se recusou a atender às vilas, as empresas particulares de telefonia celular chegaram com torres e agora todos têm celulares. Nós simplesmente passamos por cima dessas companhias ineficientes. Espero fazer o mesmo com a energia no Malauí. Em vez de esperar o governo levar eletricidade até as vilas por linhas de força, vamos construir moinhos de vento e gerá-la nós mesmos

quarta-feira, 2 de março de 2011

A GLOBO E O CLUBE DOS 13

Acompanho com certo interesse, a briga que se trava entre os clubes das primeiras divisões do futebol brasileiro e as redes de transmissão via televisão. Houve tentativa de dissidência entrre os componentes do clube dos 13, no afã de, independentes, faturarem mais. Parece que o clube dos 13 impôs-se nessa refrega e fico a aguardar conclusão que beneficiem de uma maneira justa os clubes em geral, para que todos possam manter, ao menos, planteis que dignifiquem nosso futebol. Sobre isto, transcrevo texto da Coluna Econômica, assinada por LUIS NASSIF.

Coluna Econômica
Há uma frase de Churchill: "Não se consegue a vitória apenas com recuos bem sucedidos". Vale para a manobra da Globo para anular o Clube dos 13 e negociar diretamente com os clubes os direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro, quando percebeu que seria derrotada pela Record em um leilão.
Durante 40 anos a Globo consolidou um domínio na audiência da TV aberta, em cima de alguns pilares centrais: a rotina nas novelas e o controle absoluto sobre as transmissões de futebol, em cima de práticas anticoncorrenciais..
Para sustentar essa distorção, a Globo sempre procurou se posicionar acima dos partidos políticos. Era como se fosse o quarto poder da República.
Quando Roberto Marinho saiu de cena e terminou a era Evandro Carlos de Andrade, cedendo lugar à inexperiência truculenta de Ali Kamel, o modelo começou a ruir.
A proverbial habilidade política da Globo cedeu lugar a fantasias de derrubar presidentes, eleger presidentes e atuar como partido político. Perdeu o status institucional. E aí aparentemente o CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico) foi liberado para fazer valer a lei, obrigando a uma disputa limpa pelos direitos de transmissão
O acordo com a Record – R$ 550 milhões para o Clube dos 13 – renderia R$ 42 milhões para o Corinthians. Com a proposta da Globo, cairá para R$ 20 milhões Como os presidentes irão se explicar?
No contrato assinado com o Clube dos 13, a Record se dispôs até a dar uma vantagem de 10% para a Globo: ou seja, com até 10% de diferença, o lance da Globo poderia ser vendedor. A Globo não aceitou: queria 30%.
Ao longo de décadas a Globo montou uma rede de relacionamento informal, não com os clubes mas com os dirigentes, fechando os olhos para seus negócios paralelos.
Obviamente a proteção trazia implícita a mensagem de que dependeria das relações de lealdade.
A Record entrou no jogo com a ingenuidade de achar que poderia montar relacionamentos com os clubes da noite para o dia e confiar na palavra dada pelos dirigentes. Quando percebeu a extensão do jogo, e a puxada de tapete de alguns dirigentes, começou a preparar matérias de denúncias. Soou mal.
Mesmo assim, não haverá como a Globo justificar a perda de receita dos clubes, caso fechem com ela.
Antes, a Globo comprava todo o conteúdo do campeonato. Agora, o Clube dos 13 decidiu que o conteúdo é dele, que o revenderá de forma segmentada, para emissoras abertas, para TV a cabo, para Internet.
Só o Portal Terra – do grupo Telefonica – parece disposto a pagar R$ 100 milhões pelos direitos na Internet; a Record mais R$ 550 milhões apenas pelos direitos para TV aberta., por apenas dois jogos por semana: um às 20:30 de quarta-feira, outro aos sábados ou domingos.
Seja qual for o resultado, o episódio marca o fim de uma era de predomínio das Organizações Globo. Continuarão influentes, mas não mais com o poder absoluto. E cada dia de vida, pelo visto, será um dia a mais para a Record. E um dia a menos para a Globo.