segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Um Natal (in) Feliz

Não há quem imagine o assombro, seguido de depressão, que me causa este tal “espírito de Natal”. O “espírito do Natal”, que é precedido de massiva e alucinante publicidade, envolto num intragável repertório de musicas natalinas, (excluo unicamente aquela que diz “...eu pensei que todo mundo fosse filho de papai Noel...”) leva a sentir-me como se eu, de outro planeta, estivesse assistindo a uma representação teatral da hipocrisia dos terráqueos e de adoração a um deus, o deus da gastança, do espanjamento, da extravagância.
Em tenra idade, cheguei a ser encantado com o Natal. (Ah! Este termo designa tantos significados, e o seu principal conceito é completamente abandonado). Lembro-me muito bem de que consegui, numa remota noite de Natal, “ver” Papai Noel, ou melhor “ver” seu vulto, o seu característico perfil; o seu pretenso saco de brinquedos era um balão gigante e que lhe fazia, ainda, a função de transportador; foi extasiante “vê-lo”; foi como se eu estivesse assistindo a um filme do tema com toda a sua coreografia e cenário que saíam da penumbra do pequeno vão, onde dormíamos todos: eu, minha mãe e o irmão menor, local este que se transformara milagrosamente num campo de aterrissagem do balão estufado e repleto de brinquedos e seu célebre passageiro. Tudo se passara num átimo, ao mesmo tempo fugaz e eterno, tanto que até então encontra-se “filmado” em meus mais íntimos “arquivos”. Filme de final feliz?  Não! O dia amanhece, as luzes do cinema se apagam. Reencontro-me com a realidade. Saio então do cinema com a sensação de que o filme acabou e com isto o sentimento da decepção entre a ficção e a realidade, do contraste entre a pobreza (com dignidade, diga-se de passagem) real e o luxo e a riqueza que aquele velho (velhinho prá uns) do ridículo Rô, Rô... fantasiadamente transmite.
E é aí que mora o perigo. Nessas épocas, parece (ou quer-se fazer parecer) que todo o mundo é solidário, que todo o mundo pode desfrutar de lautos jantares, mesas repletas; que todo o mundo pode consumir alucinadamente e para isto os órgãos de comunicação social, as empresas de publicidade capricham nas mensagens: faça seu Natal aqui; o seu Natal está aqui. Enfim, o Natal está nas lojas em geral; o Natal é o consumismo desvairado. A razão principal da festa é simplesmente desfocada.   
Quão “careta” é desejar-se Feliz Natal.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A PRIVATARIA TUCANA

Não vou fazer comentário algum, sobre o que segue, a não ser usar uma interrogação para introduzir o texto: e se o título do livro fosse A PRIVATARIA PETISTA, o que estaria acontecendo hoje na grande imprensa?
O livro "A Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Jr., foi lançado há quatro dias e já é um fenômeno de vendas cercado por um muro de silêncio. Produto de doze anos de trabalho - e, sem dúvida, a mais completa investigação jornalística feita sobre o submundo da política neste século -, o livro consegue mapear o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que teria sido montado em torno do tucano José Serra. De quebra, coloca o PT em duas saias justas. Ao atirar para os dois lados, o livro-bomba do jornalista acabou conseguindo a façanha de ser ignorado pela mídia tradicional, pelo PT e pelo PSDB.
Maria Inês Nassif
O livro "A Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Jr., foi lançado há quatro dias e já é um fenômeno de vendas cercado por um muro de silêncio. Produto de doze anos de trabalho - e, sem dúvida, a mais completa investigação jornalística feita sobre o submundo da política neste século -, o livro consegue mapear o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro montado em torno do político tucano José Serra - ex-deputado, ex-senador, ex-ministro, ex-governador, ex-prefeito e candidato duas vezes derrotado à Presidência da República. De quebra, coloca o PT em duas saias justas. A primeira delas é a constatação de que o partido, no primeiro ano de governo Lula, "afinou" diante do potencial de estrago da CPMI do Banestado, que pegou a lavanderia de vários esquemas que, se atingiam os tucanos, poderiam também resvalar para figuras petistas. O segundo mal-estar com o PT é o ultimo capítulo do livro, quando o autor conta a "arapongagem" interna da campanha do PT, que teria sido montada para derrubar o grupo ligado ao mineiro Fernando Pimentel da campanha da candidata Dilma Rousseff. Amaury aponta (como ele já disse antes) para o presidente do partido, Rui Falcão. Falcão já moveu um processo contra o jornalista por conta disso. O jornalista mantém a acusação.
Ao atirar para os dois lados, o livro-bomba do jornalista, um dos melhores repórteres investigativos do país, acabou conseguindo a façanha de ser ignorado pela mídia tradicional e igualmente pelo PT e pelo PSDB. O conteúdo de seu trabalho, todavia, continua sendo reproduzido fartamente por sites, blogs e redes sociais. Esgotado ontem nas livrarias, caminha para sua segunda edição. E já foi editado em e-book.
Os personagens do PSDB são conhecidos. O ex-caixa de campanha de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, aparece como o "engenheiro" de um esquema que operou bilhões de dólares durante as privatizações e os dois governos de Fernando Henrique Cardoso. A mesma tecnologia financeira usada por Oliveira foi depois copiada pela filha de Serra, Verônica, e seu marido, Alexandre Burgeois. Gregório Marin Preciado surge também como membro atuante do esquema. Ele é casado com uma prima do tucano nascido na Móoca, ex-líder estudantil e cardeal tucano.
Embora esteja concentrado nesse grupo específico do tucanato - o empresário Daniel Dantas só aparece quando opera para o mesmo esquema -, o livro não poupa gregos, nem troianos. A documentação da Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) do Banestado, que forneceu os primeiros documentos sobre lavagem de dinheiro obtido ilegalmente das privatizações, é o pontapé inicial do novelo que se desenrola até as eleições presidenciais do ano passado. A comissão, provocada por denúncias feitas pela revista Isto É, em matéria assinada pelo próprio Ribeiro Jr. e por Sônia Filgueiras, recebeu da promotoria de Nova York, e foi obrigada a repassá-lo à Justiça de São Paulo, um CD com a movimentação de dinheiro de brasileiros feita pelo MTB Bank, de NY, fechado por comprovação de que lavava dinheiro do narcotráfico, do terrorismo e da corrupção, por meio de contas de um condomínio de doleiros sul-americanos.
O material era uma bomba, diz o jornalista, e provocou a "Operação Abafa" da comissão de inquérito, pelo seu potencial de constranger tanto tucanos, como petistas (a CPMI funcionou no primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003).
Amaury Ribeiro conta de forma simples intrincadas operações de esfria/esquenta dinheiro ilegal - e, de quebra, dá uma clara ideia de como operava a "arapongagem tucana" a mando de Serra. Até o livro, as acusações de que Serra fazia dossiês para chantagear inimigos internos (do PSDB) e externos eram só folclore. No livro, ganham nome, endereço e telefone.
Nos próximo parágrafos, estão algumas das histórias contadas por Amaury Ribeiro Jr., com as fontes. Nada do que aponta deixa de ter uma comprovação documental, ou testemunhal. É um belo roteiro para a grande imprensa que, se não acusou até agora o lançamento do livro, poderia ao menos tomá-lo como exemplo para voltar a fazer jornalismo investigativo.
1. A arapongagem da turma do José Serra (pág. 25) - Quando ministro da Saúde do governo FHC, José Serra montou um núcleo de inteligência dentro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) (a Gerência Geral da Secretaria de Segurança da Anvisa). O núcleo era comandado pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), também delegado. O grupo foi extinto quando a imprensa denunciou que o grupo bisbilhotava a vida dos funcionários. O funcionário da Agência Brasileira de Informações Luiz Fernandes Barcellos (agente Jardim) fazia parte do esquema. Também estava lá o delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo de Graças Souza.
Este núcleo, mesmo desmontado oficialmente, teria sido usado por Serra, quando governador, para investigar os "discretos roteiros sentimentais" do governador de Minas, Aécio Neves, no Rio de Janeiro. De posse do dossiê, Serra teria tentado chantagear Aécio para que o governador mineiro não disputasse com ele a legenda do PSDB para a Presidência da República. O agente Jardim, segundo apurou Amaury, fez o trabalho de campo contra Aécio. (Fontes: O agente da Cisa Idalísio dos Santos, o Dadá, conseguiu informações sobre o núcleo de arapongagem de Serra e teve a informação confirmada por outros agentes. Para a "arapongagem" contra Aécio, o próprio Palácio da Liberdade).
2. O acordo entre Serra e Aécio (págs. 25 a 28) - Por conta própria, Ribeiro Jr., ainda no "Estado de Minas" e sem que sua apuração sobre a arapongagem de Serra tivesse sido publicada, retomou pauta iniciada quando ainda trabalhava no "Globo", sobre as privatizações feitas no governo FHC. Encontrou a primeira transação do ex-tesoureiro de campanha de FHC e Serra, Ricardo Sérgio de Oliveira: a empresa offshore Andover, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, que injetava dinheiro de fora para outra empresa sua, em São Paulo, a Westchester. (Fontes: cartórios de títulos e documentos e Juntas Comerciais de São Paulo e do Rio).
Nos mesmos papéis, encontrou outro personagem que usava a mesma metodologia de Oliveira: o genro de Serra, Alexandre Bourgeois, casado com Verônica Serra. Logo após as privatizações das teles, Bourgeois abriu duas off-shores no mesmo paraíso fiscal - a Vex Capital e a Iconexa Inc, que operavam no mesmo escritório utilizado pelo ex-tesoureiro, o do Citco Building. (Fonte: 3° Cartório de Títulos e Documentos de São Paulo).
Amaury ligou para assessoria de Serra no governo do Estado e se deu mal: as informações, das quais queria a versão do governador, serviram para que o tucano paulista ligasse para Aécio e ambos aparassem as arestas. O Estado de Minas não publicou o material.
3. Ricardo Sérgio de Oliveira, Carlos Jereissati e a privatização das teles - O primeiro indício de que a privatização das teles encheu os cofres de tucanos apareceu no relatório sobre as movimentações financeiras do ex-caixa de campanha Ricardo Sérgio de Oliveira que transitou pela CPMI do Banestado. A operação comprova que Oliveira recebeu propina do empresário Carlos Jereissati, que adquiriu em leilão a Tele Norte Leste e passou a operar a telefonia de 16 Estados. A offshore Infinity Trading (de Jereissati) depositou US$ 410 mil em favor da Fanton Interprises (de Ricardo Sérgio) no MTB Bank, de Nova York.
Comprovação do vínculo da Infinity Trading com Jereissati: Relatório 369 da Secretaria de Acompanhamento Econômico; documentos da CPMI do Banestado.
Comprovação do vínculo de Oliveira com a Franton: declaração do próprio Oliveira, à Receita Federal, de uma doação à Franton, em 2008.
4. Quando foi para a diretoria Internacional do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio tinha duas empresas, a Planefin e a RCM. Passou a administração de ambas para a esposa, a desenhista Elizabeth, para assumir o cargo público. Em 1998, a RCM juntou-se à Ricci Engenharia (do seu sócio José Stefanes Ferreira Gringo), para construir apartamentos. Duas torres foram compradas pela Previ (gerida pelo seu amigo João Bosto Madeira da Costa) ainda na maquete. A Planefin entrou no negócio de Intenet recebeu líquido, por apenas um serviço, R$ 1,8 milhão do grupo La Fonte, de Carlos Jereissati, aquele cujo consórcio, a Telemar, comprou a Tele Norte Leste (com a ajuda de Ricardo Sérgio, que forneceu aval do BB e dinheiro da Previ à Telemar).
5. Em julho de 1999, a Planefim comprou, por R$ 11 milhões, metade de um prédio de 13 andares no Rio, e outra metade de outro edifício em Belo Horizonte. As duas outras metades foram compradas pela Consultatum, do seu sócio Ronaldo de Souza, que morreu no ano passado. Quem vendeu o patrimônio foi a Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, reduto tucano. O dinheiro para pagar a metade de Ricardo Sérgio nos imóveis veio da Citco Building, nas Ilhas Virgens Briânicas, a mesma "conta-ônibus" de doleiros que viria a lavar dinheiro sul-americano sujo, de várias procedências.
Amanhã, a Carta Maior contará o que o livro de Amaury Ribeiro Jr. revela das operações feitas pela filha e genro de Serra, Verônica e Alexandre Bourgeois, e pelo primo Gregório Marín Preciato.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A DOENÇA DE LULA E AS AVES DE RAPINA

Passava por uma rua da Pituba e ouvi um transeunte (vá prá lá, com seus termos!) num irado desabafo, por causa da doença de Lula, vociferar: “ele que vá se tratar pelo SUS...ele agora vai pagar tin-tim por tin-tim tudo que fez...”, O cidadão (êpa!) destilava toda sua ira baseada principalmente no grande mote que a grande imprensa vem reverberando e que teve origem numa postagem, numa dessas redes sociais, de um “representante da juventude do PSDB” onde determina que o ex-presidente deve cuidar  do câncer de que é acometido pelos serviços do SUS, como se fosse Lula o responsável pelo estado causado por desmandos que datam de remotas eras. Já senti vontade de me pronunciar sobre esta questão, principalmente porque tenho ouvido esta mesma cantilena de “formadores de opinião” da grande imprensa; essa imprensa que só conhece liberdade se for para dizer irresponsavelmente, até, o que quer sem os cuidados naturais com a ética e a verdade dos fatos; que não produzem notícias, mas, sim, peças acusatórias desprovidas de elementos que sustentem verdades; um sem fim de destruição de honra alheia. Agora, mesmo, tenho anotado comentários de “jornalistas”, nos quais constam: agora, ele vai poder parar de tomar seus goles”; por que ele não se trata pelo SUS?...
E veio a calhar o comentário de Fátima Oliveira, médica, no Jornal O TEMPO, publicado no Blog de Luis Nassif, cujos termos eu transcrevo parcialmente:

“...Pelo exposto, conclui-se que a autonomia, no Brasil, alicerça dois direitos constitucionais: a dignidade da pessoa e a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem, mesmo quando titulares de tais direitos são figuras públicas. Como pode uma “pessoa pública” – a exemplo de parlamentares e governantes – ter direito a tais inviolabilidades?
Ora, ser uma “pessoa pública” não é condição para perder direitos, embora incorpore mais deveres. Uma pessoa pública em exercício de mandato eletivo deve explicações dos seus atos ao povo. Elementar: foi eleita para representar o povo ou governá-lo. E como tal está obrigada a prestar contas do que diz respeito à sua vida pública, ainda que seja na esfera privada, se repercutir na esfera pública.
As reflexões expostas tiveram como ponto de partida a recente polêmica (terá sido uma polêmica?) sobre a autonomia de que o ex-presidente Lula é titular, como qualquer cidadão do nosso país, de livremente escolher se quer tratar a sua doença, como e onde, segundo as suas posses.
As tentativas de linchamento moral e político, o desrespeito à vulnerabilidade de uma pessoa doente diante da medicina e da ciência não são apenas cruéis, são criminosos e podem aportar repercussões desfavoráveis na resposta ao tratamento. A má-fé, com o intuito de desmoralizar e vulnerabilizar, não pode ser aceita como algo normal numa democracia.
Só o preconceito de classe, uma das expressões da luta de classes, contra um sertanejo nordestino originariamente pobre e retirante que, pelo voto popular, presidiu o Brasil por duas vezes e ainda elegeu sua sucessora, explica que gente que se diz “bem-nascida” e que, mesmo quando come sardinha, diz que arrota caviar exija que Lula vá se tratar no SUS quando essa não foi a escolha que ele fez! Acessar o SUS é um direito, e não uma obrigação! Pero, a origem de classe é eterna…
Quem diz que a opressão de classe não existe e que a luta de classes acabou, a expressão “Lula, faça o tratamento pelo SUS!” desmente, além do que é reveladora de uma ignorância monumental sobre o SUS que, apesar das dificuldades e até sabotagens de classe, o hoje é melhor do que qualquer dia da era pré-SUS, por paradoxal que possa parecer!
Ao acabar com a figura do indigente na saúde, o SUS é a política pública que mais conferiu cidadania ao conjunto do povo brasileiro. Talvez resida aí o motivo pelo qual o SUS tem tantos inimigos. De classe! (O blogueiro é quem dá o destaque em negrito).

terça-feira, 25 de outubro de 2011

DIA DO IDOSO

Não poderia deixar passar em branco o dia do Idoso, que é comemorado no dia primeiro deste mês, coisa criada pela ONU, “a fim de qualificar a vida dos mais velhos, através da saúde e da integração social”. A condição de idoso é deveras complexa. Posso dizer com todo conhecimento de causa: é complexa, contradizente, é estonteante, perturbadora, é gratificante é; acima de tudo, de encher de brios aquele que a alcança. Cito estes adjetivos todos e caberiam muitos outros mais para tentar expressar o meu convívio com esta situação; as sensações, as atuais ambições (completamente diferentes de tempos atrás); as desambições, etc.
Eu costumo dizer, para consignar muito bem o que é ser idoso, em minha opinião, que me levanto da cama, pela manhã, achando-me ter vinte ou trinta anos de idade; no entanto, ao olhar-me ao espelho, a minha idade, de  certa forma decepcionante, quadruplica-se.
 Também, é do meu hábito, criticar certas pessoas idosas que dizem que “velhice é cabeça”, querendo dizer com isto que basta mentalizar-se que é jovem para que jovem seja. Não! Velhice, é velhice e não tem retrocesso.
Mas não podemos, logicamente, nos entregar. A revista MUITO do domingo passado (23/10) apresentou uma reportagem nominada “Melhor idade” e encontro as palavras de Da. Maria do Loreto, 76 anos: “a cabeça continua de 15 anos, embora o corpo não, porque este reclama do cansaço e o joelho dói” (parecem bem como as minhas palavras, não?).
Bem, como ia dizendo, não podemos nos entregar; devemos viver a vida e disto não abro mão, mas devemos viver, viver bem, respeitando nossas limitações físicas.
Sem querer ficar remoendo nostalgias, “a olhar fotos amareladas pelo tempo”, tenho orgulho de ter podido alcançar esta fase, com relativo grau de saúde; com o dever profissional cumprido e vendo pulular alegres e felizes rebentos desta minha origem.

PENSAMENTOS
“Bela é quem o belo faz" - Gândi

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

QUE PAÍS É ESTE?

A pergunta, até então, sem resposta e que não quer calar por causa destas e outra. Do Blog de Nassif, extraÍ o texto abaixo, de autoria do jornalista Leandro Fortes, onde se registra que o advogado Alberto Piovesan que é autor do pedido de impeachment do Ministro Gilmar Dantas do STF (estranha e rapidamente arquivado no Senado Federal), fora inquirido pela Polícia Federal, sem razões aparentemente justificáveis, sobre “suas atividades particulares... e dizer quais os motivos o levaram a fazer o pedido no Senado Federal...”
A Polícia Federal que, nos últimos tempos tem-se mostrado tão eficiente e imparcial no cumprimento das suas obrigações constitucionais, teria que justificar as razões legais para submeter o cidadão (além de advogado) ao constrangimento de inquirição policial.
Mas, lembremos do caso do ínclito Delegado Protógenes, que de investigador policial legal, virou investigado.     


Enviado por luisnassif, qui, 20/10/2011 - 07:30
Atenção defensores da liberdade de expressão da mídia tupiniquim.
Ontem, dia 18/10, o advogado Alberto Piovesan, de Vitória (ES), autor do pedido de impeachment do ministro Gilmar Mendes, do STF, foi convocado pela Polícia Federal para dar explicações! Isso mesmo que vocês leram. Piovesan entrou em contato comigo hj para dizer que, na delegacia, foi inquirido sobre suas atividades particulares e ...dizer quais motivos o levaram a fazer o pedido no Senado Federal (aliás, sumariamente arquivado pelo senador José Sarney, amigo de Mendes). Me relatou o advogado: "Isto é, a meu ver, patrulhamento e investigação de pessoa, não permitido pela legislação vigente. Pareceu-me que se pretendeu mostrar que foi ousadia ter exercido direitos de cidadão assegurados pela Constituição, pedindo apuração de notícias sobre um ministro. Por este fato, passei a ser o investigado pela Polícia Federal, sem ter praticado ilícito apurável por esta, ou congênere, consistente isto ainda em, a meu ver, velada intimidação aos que porventura pensem em semelhante iniciativa, e ainda a utilização indevida de órgão público federal". O delegado federal que o ouviu se chama ADRIANO DIAS TEIXEIRA AMORIM DO VALLE e o depoimento atendeu a Carta Precatória 0196/2011-SR/DPF/ES - IPL 1759/2011-4 - SR/DPF/DF.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

LULA INÁCIO DA SILVA E SATURNINO BRAGA

Saturnino Braga
É verdade. Já havia esquecido de Saturnino Braga. Vejam só o que acontece com as pessoas que “saem da mídia”. Tive uma admiração muito grande por esse político, aliás, ex-político. Mas a imagem que ele deixou indelevelmente foi a de ter “falido” a cidade do Rio de Janeiro. (Um pouco de História: ele assumiu a prefeitura do Rio de Janeiro, como candidato das esquerdas e, ao ter conhecimento da real situação financeira falimentar do lindo e rico município, decretou a sua falência). Leva consigo esta pecha para o resto de sua vida.
Mas eis que aparece em uma entrevista na Carta Capital, da semana passada, e é sobre o que ali se diz que vou transcrever e comentar alguma coisa.
Bem, antes de tudo, é de se dizer que o nosso personagem abandonou a política e abraçou a literatura, com a seguinte explicação: “a política suga a felicidade”. Diz de sua geração de políticos, que assumiu o Senado Federal, fazendo parte dos candidatos do antigo MDB que, em 22 estados, venceram em 16, em plena “ditabranda” (o “Rio Centro” que o diga). E explica que seu abandono à política (além da frase já cunhada acima) se deu por causa de que “o nível baixou muito”. Diz ele ainda que sempre foi um vencido (diante do que é perguntado pelo entrevistador em face das declarações do personagem do seu recém lançado livro (Cartas ao Rio), “uma trama intimista com tintas autobiográficas”) e que “só passei a ser vencedor a partir do Lula, em 2002”. Ainda, sobre a falência do Rio, ele diz que não fez nada mais do que “decretar uma verdade que estava escondida”, até que a Constituição de 1988 “restabeleceu as receitas municipais, entrando em vigor em janeiro de 1989...” justamente quando encerrou seu mandato e, quando seu sucessor assumiu, “as receitas do Rio triplicaram em valor real” e “Marcelo Alencar tirou o Rio da falência”.
Encerrando, quero dizer da satisfação de ver vivo, mais do que nunca, um ícone da democracia, progressista da minha geração.

Lula outra vez “doutor”
Um tal de um deputado do DEM (será há algo a ver com o demônio) deve estar se relando nas ostras. Ele que, quando o ex-presidente metalúrgico recebeu comenda da universidade de Coimbra, cuspiu maribondos e, em carta, pediu a anulação da referida homenagem ao respectivo reitor, pode estar agora “pedindo a morte”. Não é que o “cabeça chata”, o “baiano”, recebeu o diploma (um a mais para sua coleção) Honoris Causa da Science Po.
Não só o obscuro deputado (da criação ACM), mas “os correspondentes da mídia nativa em Paris exibem-se no useiro show de ódio de classe”.
Como que para abrandar, para exaltar a Democracia, o ex-presidente metalúrgico atribui o mérito “ao povo brasileiro que vive um momento histórico de plenitude democrática ao provar que tem um lugar  importante a ocupar no mundo” e que pode eleger governantes que querem “governar para todos e não apenas para 30% da população, como se fazia antes”.
Há que se registrar que “Alguns dias antes da atribuição do prêmio, Richard Descoings, diretor do Sciences Po, recebera a imprensa de sorte a oferecer aos representantes da mídia nativa a oportunidade de exibir o onipresente preconceito de classe. A correspondente do jornal O GLOBO perguntou por que dar um prêmio ao presidente Lula e não ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Outro jornalista atacou: “Por que premiar quem tolerou a corrupção?” Alguém quis saber por que distinguir alguém que chamou Kaddafi de irmão, ou que jamais leu um livro....Desccoings divertiu-se em ironias variadas.”
Encerro com a frase de encerramento da reportagem: “Assim, Lula, agora, silêncio, por favor. Os da casa-grande estão bravos”.
 PENSAMENTOS
"...entre povos primitivos, é sobretudo o terror que cria noções religiosas - medo de fome, de animais selvagens, de doenças e da morte". (Hernert Rohden - "O enigma do Universo").


sábado, 1 de outubro de 2011

Um Doutor da Periferia

Da revista MUITO, do domingo (18/09), há uma interessante entrevista com José Eduardo Ferreira Santos. Eduardo tem 36 anos, é morador de uma casa em Novos Alagados, onde concedeu a entrevista e mantém um acervo de “dezenas de obras, a maioria de artistas do subúrbio ferroviário”, resultado de suas pesquisas. Ele é “formado em pedagogia, fez mestrado em psicologia... doutorado em saúde coletiva; nesse doutorado estudou “as repercussões de homicídios em jovens da periferia soteropolitana”. Filho de “pai semianalfabeto, vendedor de bananas, e mãe dona de casa”, ele é professor universitário, autor de quatro livros, sendo o último, lançado pela “editora Ponti di carta”: Novos Alagados: Diário di uma favela, na Itália.
Pessoas com perfil deste porte, chamam minha atenção, fazem-me ter-lhes orgulho, como se fossem amigos próximos, parentes; pois, são pérolas extraídas da brutal amalgamada população da periferia.
Conheçamos mais sobre José Eduardo. Sobre seu livro lançado na Itália, ele diz: “...desde 1996 eu escrevo tudo que se passa no bairro, como diário de campo...Acho importante que a gente registre a nossa história. E me incomoda muito isso de que são sempre as pessoas de fora que escrevem sobre a gente”.
De sua entrevista, extraio algumas opiniões, idéias, etc. Doutor, (não é aquele doutor, médico, ou doutorado vindo das elites), não ganha dinheiro! Conclusão que tiro diante da sua moradia, localização e aspectos humildes em suas vestes; a falta do pai implica em filho violento; a violência faz a pessoa humana refém; o tráfico de drogas devora vidas; o  aumento do tráfico no Nordeste é resultado do combate no eixo Rio-SP, para onde vão os maciços recursos financeiros e materiais, federais; pois, dali é gerada repercussão internacional. “Periferia não repercute”. No subúrbio, a universidade faz pesquisas, “por que não há universidade no subúrbio?”.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O ÚLTIMO DOMINGO DE SETEMBRO

A semana passada transcorreu sem muitas novidades. Destaques para:
O discurso da nossa presidenta na Assembléia Geral da ONU

Foi um discurso de uma estadista. Repreendeu os países “adiantados”, primeiromundistas pelo fato de, em seu consumismo desvairado e na libertinagem do “sistema financeiro”, terem provocado a crise que repercute e repercutirá mais ainda, em todo o planeta; deu lição de como se enfrentar a pobreza; tomou posição política claramente favorável à criação do Estado Palestino; deu “pitacos” sobre comportamento adequado em favor do meio ambiente. Enfim, completamente à vontade, serena e firmemente “deu seu recado”, o recado que é o das mulheres no poder, o recado do Brasil como nação que se assoma como grande potência mundial; que já não é mais “país do futuro”. O futuro chegou.

A derrota do Vitória
Para o Sport de Recife, o Vitória vergonhosamente caiu de “quatro” em Pernambuco, distanciando-se cada vez mais do G-4 e cada vez mais reforça minha convicção de que o time que está aí, somente por milagre, (como em futebol nada é absoluto), poderá retornar à elite.

A desvalorização do Real
Engraçado, ouvi, à exaustão, nos últimos tempos, na grande mídia, reportagens, entrevistas, debates, colunistas, etc., “batendo” na “supervalorização” do Real, que estaria causando desindustrialização, depreciando, aliás, estimulando a importação de produtos estrangeiros, principalmente, chineses, escancarando a porta do consumismo de importados, em detrimento de produtos aqui fabricados e das viagens internacionais (que só beneficiam os afortunados, a elite). Situação que se sabe, não é provocada diretamente por medidas governamentais....

Medidas de proteção à indústria brasileira
Também, uma das medidas tomadas pelo governo federal no intuito de proteger a indústria nacional foi a de sobretaxar carros importados. Ah! A “grita” é grande na grande imprensa e, até, o DEM (tem algo a ver com o demo?) saiu em defesa da indústria estrangeira, tentando junto à justiça o embargo da medida governamental. Carros importados “baratos” são aqueles originários da China que, todos sabem muito bem, as razões do baixo custo estão na maneira como é remunerada sua mão-de-obra.

O Milésimo Acesso
Com muito prazer, registro que este Blog já ultrapassou o 1.000º acesso. Número histórico e que me faz ir avante com este meu modesto projeto.





segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Terceiro Domingo de Setembro

Ponta do Humaitá
Quem conhece sabe que se trata de um ponto turístico da maior importância para Salvador e ali, não obstante às intempéries, à desadministração municipal (que não vem de agora – não quero falar, neste momento, de JH, nosso atual intendente – à depredação dos vândalos e a outras coisitas más); realmente, para mim, trata-se, talvez, do mais importante natural produto turístico e, corroborando com esta minha afirmativa, do jornal A TARDE, de hoje, vejo uma reportagem, que é de Thiago Guimarães, sobre o “Humaitá”. Ali tem-se o “...melhor por-do-sol. Você pega ele de frente” (transcrevendo opinião de um entrevistado).
A ponta do Humaitá, segundo Thiago, tem símbolos: a Igreja e o Mosteiro de Monte Serrat, que data do século 17, coisas feitas, portanto, lá pelos idos de 1.600(dC), que “guarda uma imagem de São Pedro Arrependido”...além da imagem de Nossa Senhora do Monte Serrat”. Assim como fiz uma sessão de fotos do por-do-sol do farol da Barra (último andar), proponho-me a fazer, também, uma sessão no Humaitá. Dali se tem uma belíssima visão da Baía de Todos os Santos, com suas ilhas, a de Maré, dentre outras e, inclusive, a de Itaparica; vê-se, também, o contorno de toda a cidade baixa, seu cais, o comércio... 
E para quem não conhece, seja baiano, troiano ou grego, aconselho ir lá. Vá lá!

Nossa Presidenta na ONU
É bem emblemática a notícia que vem da “Agência Globo” (noticiada em A TARDE, neste domingo). A nossa Presidenta  vai discursar na ONU, (quem quiser que conteste quanto ao gênero, não tô nem aí.) Para aqueles, (os que contestam a nossa primeira mandatária) o registro que segue.
Trata-se da primeira mulher a discursar na Assembléia da ONU. Talvez resultado da política exterior do Governo Lula, mas, acima de tudo, com amplos créditos dados à sua personalidade, demonstrados em vários e vários testes, especialmente, preparados pela grande imprensa; com avaliação, infelizmente, para os testantes, amplamente positivas.
A Presidenta, em seu discurso deverá enfatizar as medidas do seu governo “...para vencer as dificuldades econômicas do cenário internacional...” (aspas para A TARDE); a posição do governo  brasileiro favorável ao estado Palestino e de mostrar o sucesso de programas brasileiros, como “a ascenção dos mais pobres á classe média; inclusive, “na área da Saúde”, que bate de frente com uma realidade conflitante.
A reportagem é “fechada” com a opinião de um professor da UnB, Virgílio Arraes, que, como a minimizar a importância do evento diz: “o presidente do Brasil abrir o encontro é uma tradição” e que o fato de a primeira mulher discursar na abertura da Assembléia da ONU é “apenas um simbolismo”. Opinião nitidamente de quem se constrange com o fato em foco. E, a exemplo dele, há muitos despeitados, localizados na velha e retrógrada elite brasileira.

Sinais dos Tempos
“China ajuda à Europa, mas Impõe condições” (Agência O Globo, Pequim)
Quem diria, hein? A China comunista(?) impondo condições à potência capitalista européia; o império norte-americano em sérias dificuldades financeiras, quem diria hein?.
“...mas a China não está sozinha nesta empreitada. Esta semana os BRICs se reúnem em Washington...para discutir uma ajuda à Europa. Quem diria, hein? Países tidos como terceiromundistas, incluindo o Brasil, ajudando as potências do “primeiro mundo”.

Sobre o “11 de Setembro” de 2001
Esta data jamais se apagará da memória do povo norte-americano. A superpotência, habituada a fazer estragos e mais estragos fora de seu território, (um deles, talvez, o mais feroz [o de maior intensidade devastadora, num pequeno espaço de tempo] foi o ataque atômico contra o Japão, há mais de 50 anos), viu símbolos (as chamadas torres gêmeas) do capitalismo serem destruídos, quase que de uma só vez, assim como o símbolo da sua superpotência militar, o Pentágono, ser atingido, embora em menor grau.
Não se concebe como isto pode ter acontecido com um país que investe trilhões de dólares em sua defesa.
Na cobertura do trágico acontecimento, reportagens e mais reportagens foram feitas na mídia em geral e houve sempre a preocupação em saber-se o que determinado entrevistado fazia quando do momento do ataque. Seguindo esta linha, ponho-me a relembrar o que fazia eu. Estava na Associação dos Aposentados (ABAICT), quando a TV entrara para dar a notícia do primeiro ataque, com as imagens, e “ao vivo” (digamos assim) assisti ao segundo avião dirigir-se à segunda torre e chocar-se brutalmente provocando a destruição, já do conhecimento de todos. Foi uma cena muito forte, chocante e triste, especialmente por causa das pessoas que morreram e por causa daquelas que vi se jogarem dos gigantescos andares dos edifícios, para a morte, fugindo do fogo.
Infelizmente, um fato de natureza tão atroz, ao invés de conduzir os homens ao entendimento; à paz; à concórdia, somente gera, como gerou, mais violência, mais guerras, mais mortes, mais destruições.

Mecânico vive com um caixão na sala há 30 anos (A TARDE, 11/09/11)
Numa reportagem de Ana Cristina de Oliveira, de Itabuna, o jornal informa que “Dida do Caixão, como é conhecido”, o mecânico Ronaldo Pereira Adorno, de 40 anos virará “celebridade, porque o programa do Faustão na TV vai mostrar matéria com ele, no quadro Giro do Domingão”. É que “Dida do Caixão” convive, há 30 anos, com “o caixão que vai ser enterrado na sala de casa”. É um hábito deveras inusitado e, para muitos, assombroso, até. Para mim, não se trata de novidade alguma. Marcos (“Jacaré”), colega dos Correios, de há muito conservava um caixão de defunto em seu quintal, à espera de sua morte. Não sei se ainda o conserva, porque ele se queixava dos aborrecimentos que o caixão causava à sua relação matrimonial.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

PENSAMENTOS(2)

1.6 “A crença elimina a possibilidade de crítica. O que se tem frequentemente são essas convicções que viram força material, como diria Marx” (autor ignorado)
1.7 “Os partidos fazem de tudo para chegar ao poder, e não vão ao poder para realizar programas”.
(Leôncio M. Rodrigues, cientista político)
1.8 “...Einstein é um homem profundamente “religioso”, mas ele insiste em frisar que por religiosidade ele entende unicamente esse sagrado assombro em face ao infinito, mais adivinhado do que compreendido”.
(Herbert Rohden – “O Enigma do Universo”)
1.9  Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.”.
(Luiz Fernando Veríssimo, sobre o intragável BBB).

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

PRIMEIRO DOMINGO DE SETEMBRO/2011

Primeiro domingo de setembro/2011

DEU NO JORNAL
I. Cordel do BIG BROTHER
Da edição de A TARDE, retiro o cordel a seguir:
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria
.
(E este cordel vem bem a propósito. Já ouvi inserções publicitárias (Pedro Bial) sobre o próximo BBB). E diz bem sobre o que penso deste intragável programa televisivo.

II. Auto Tune, pitch, etc.
Certa vez, ouvindo uma “banda”, num bar, imaginei, de pronto, que se tratava do BATIFUN, por causa do repertório, animação e tal; mesmo assim, fique com dúvidas, até que ouvi deles próprios sua identificação, quando saudando Aracaju (era uma gravação ao vivo).
Começo com este preâmbulo, para dizer que a gravação em causa era ruim demais, qualidade bem diferente da que costumo ouvir de outro CD deles. Lendo a coluna de Caetano Veloso, na edição de A TARDE já referida, encontrei a explicação para a diferenciação e, também, para muitas outras indagações que vinha fazendo com relação à afinação “de uma voz ou de um instrumento numa gravação”, pois já havia percebido a diferença que existe entre a qualidade de um(a) cantor(a) apresentando-se ao vivo, sem parafernália acústica, e daquele(a) cantor(a) quando em CD ou em ambiente de gigantescas instalações e equipamentos.
Em certo trecho diz Caetano: “...estava tentando explicar o mal-estar que tendemos a sentir quando percebemos que uma voz afinadíssima num CD foi tratado com essa ferramenta (Auto-Tune) e, além de notar falsidade na lisura da nota e mudança no timbre da voz...”, oportunidade em que compara o referido “processador” ao Photoshop.  

III. “As vozes das Comunidades-terreiro...”
Os escravos foram calados
                                                                                                               na história do País”

O linguajar incompreensível de Procópio do Ogunjá tinha um poder...sobre a “branquelinha”. No caminho da escola, a quitanda do pai-de-santo, na Rua do Gravatá...Melhor que ver a mistureba exótica de frutas e búzios era ouvi-lo “falar daquele jeito diferente...”. Isto é parte da introdução à entrevista feita pela repórter  Cassia Candra, da revista Muito, deste domingo à etnolinguista Yeda Pessoa de Castro, 74 anos, Doutora em Línguas Africanas, membro da Academia de Letras da Bahia, que já dirigiu o Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBa, e fala sobre seu projeto de “ouvir as vozes do terreiro”.
Quando eu residia no Tororó (idos de ’80), trabalhando nos Correios, no Comércio, fazia diariamente o trajeto que liga aquele bairro à Cidade Baixa, (com a utilização do Elevador Lacerda), dava para perceber ainda vestígios do que fora aquela rua (do Gravatá) durante o século XIX e XX. Respirava ali a atmosfera dezenovecentista; percebia ainda fragmentos do comportamento social daquela época. Somado a isso tudo, a citação do termo quitanda fez-me voltar aos anos da minha infância no Engenho Velho de Brotas, quando ainda pude ouvir sons diferentes, o “falar daquele jeito diferentedos negros habitantes do bairro e, especialmente, dos “Nagôs”, nos velhos carnavais; assim como aquelas coisas expostas à venda nas quitandas, com seu cheiro bem característico. Bem, deixemos as recordações e vamos ao que diz a Dra. Yeda.
... a idéia que fica nos livros é a de que os africanos para cá trazidos em escravidão, por mais de três séculos consecutivos, eram mudos.”;
Diz, com relação aos destinos dos escravos chegados: “...do Benin...jejês foram levados para ... Cachoeira e São Félix... os iorubás...conhecidos por nagôs...para Salvador e Recôncavo...Ainda na primeira fase do século 19, houve uma concentração de hauças povos islamizados...da Nigéria.”. Estes últimos, promoveram uma série de revoltas aqui em Salvador, sendo uma delas a famosa Revolta dos Malês.
A idéia do projeto da Dra. Yeda é “mostrar esse tesouro que nós temos de lutar para preservar... como sentencia um provérbio kimbundo (uma das tantas línguas africanas) kifua o dimi, mwyenu u fuá we” – se morre a língua, a alma morre também
Finalizo esta síntese da entrevista da Dra. Yeda com a interessante revelação: o termo “caçula” é de origem africana, de Angola.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

PENSAMENTOS

Com esta edição, inauguro no Blog a Seção PENSAMENTOS na qual transcreverei palavras ditas por gênios, celebridades, cientistas, gentes simples do povo, etc., que acredito ser do interesse sua divulgação seja para reflexão, para soma de conhecimentos, para diversão, até; e farei comentário, quando achar necessário ou conveniente, quer seja para dar contexto, quer seja para, simplesmente, emitir opinião própria. Portanto, com as seguintes transcrições, inauguro a seção Pensamentos, que será postada com periodicidade indeterminada.
1.1 “Einstein só procurou Deus na natureza e não em livros humanos. Deus era a Lei, a voz da natureza e nada mais.”
(Herbet Rohden, “O Enigma do Universo”)
Comentário: (1) o autor do livro, ao que eu entendi, é contemporâneo do gênio astrofísico, matemático, filósofo, Einstein; (2) Encaixa-se como uma luva numa mão, o conceito do gênio sobre Deus e a formulação de idéia que faço sobre Deus. É incrível esta constatação.

1.2 “Eu passo 99 vezes e nada descubro; deixo de pensar – e eis que a verdade é revelada” (Einstein, do livro anteriormente citado).

1.3 “...a íntima essência do homem é idêntica à essência do Cosmos, (por isto), o silêncio hominal é o eco do silêncio sideral...”.
(do livro “O Enigma do Universo)

 1.4 Sobre a Sabiá, o Azulão e o Tico-Tico “O azulão cantava e foi aplaudido pela sabiá que o estimulou a continuar cantando. O azulão havia sido vaiado pelo Tico-Tico. O azulão dirigindo-se aos demais pássaros: “quem merece elogios de um dos cantores mais ricos pode fazer das vaias de um tico-tico?”
(Catulo da Paixão Cearense)
Comentário: um dos ícones da sabedoria popular nordestina, por que não dizer, brasileira a respeito de cantares, vaias e elogios.

1.5 “As empresas criam necessidades para quem não as tem e ignoram as necessidades do mundo pobre”.
(Benjamim Barber, cientista político americano)
Comentário: é a síntese perfeita do “capitalismo selvagem”. O objetivo único é o lucro; do pobre nada ele (o capitalismo) tem a extrair, a não ser o Trabalho.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

BRIGA DE CACHORROS GRANDES (que me desculpem os cães)

Vixe, Maria. As famiglias começam a brigar. Será que vai ser quebrado o (ou a?) omertá. A nota a seguir, extraída do Blog de Nassif, divulga uma ameaça da CBF à Rede Globo, com a divulgação de gravação comprometedora, em resposta a uma reportagem daquela rede sobre irregularidades praticadas pelo órgão máximo do nosso futebol. Briga de cachorros grandes! (que me desculpem os cães).

Enviado por luisnassif, qui, 18/08/2011 - 09:20
Por Vera Passos
Da Folha.com
RICARDO FELTRIN
EDITOR E COLUNISTA DO 
F5
Não vai ficar barato para a Globo sua repentina decisão de noticiar os escândalos envolvendo a CBF, Ricardo Teixeira e a Fifa. Agora surgiram indícios (ou insinuações) de que a entidade máxima do futebol brasileiro tem gravações de diálogos que comprometeriam Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esportes. Essas gravações não autorizadas foram feitas a partir de ligações telefônicas ou na própria sede da CBF. Elas revelariam quando e como a Globo manipulou o horário de partidas de times e da seleção, para atender a seus próprios interesses...
Márcio Neves/Gremio.net 
T de Vingança
Teixeira também teria gravações mostrando como Pinto (foto ao lado) e seus comandados globais agiram nos últimos anos, quando tinham acesso livre à CBF. Fonte desta coluna, que pede anonimato, informa que as gravações teriam diálogos permeados de arrogância, prepotência e desprezo completo de Campos Pinto e seus subordinados pela concorrência. Inclusive uma das gravações mostraria emissários da Globo usando termos chulos contra Record e até contra a Band, que hoje é parceira da Globo no futebol.
Prato pelando
A ameaça de levar as gravações a público teria por finalidade não só vingar Teixeira do que ele considera "traição", por parte da Globo, mas também colocar a emissora numa situação delicada junto à imprensa, a parceiros e anunciantes do esporte. Algo do tipo: "eu morro, mas você vai morrer! Morrer comigo! Bwahahaha! Bwahahahahahahahannn...". Tá bom, é só um jeito de dizer. Teixeira não dá risada como vilão de desenho... Vou continuar, agora sério...
Bombardeio
Campos Pinto está sob ataque de outro 'front', além do da CBF. Desafetos do diretor dentro da Globo ainda o culpam pelo fato de a emissora ter perdido a transmissão das Olimpíadas de Londres 2012 para a Record. Para esses executivos, a "soberba" do executivo o impediu de avaliar a situação corretamente. Ele subestimou a concorrente, afirmam.